22/11/2018 - 15:20
Luisa Cuesta, referência na busca pelos detidos desparecidos durante a última ditadura uruguaia, morreu na quarta-feira (21) aos 98 anos.
Cuesta, uma das fundadoras da organização de Mães e Familiares do Uruguaios Detidos Desaparecidos durante a ditadura (1973-1985), morreu sem saber o paradeiro de seu filho, Nebio Melo Cuesta, que desapareceu em Buenos Aires em 1976.
A própria Luisa foi detida no início da ditadura e, quando foi libertada, foi para o exílio na Holanda, de onde retornou em 1985.
A imprensa uruguaia prestou homenagem nesta quinta-feira à militante pelos direitos humanos. “Sem conhecer a verdade”, foi a manchete do jornal El Observador. Enquanto isso, o jornal La República, com o título “Para sempre Luisa”, saudou um “emblema da luta para encontrar detidos desaparecidos”.
Cuesta foi protagonista nos esforços dos familiares dos desaparecidos para encontrar seus entes queridos, e sua morte causou grande angústia, que foi expressada também nas redes sociais, com a lembrança de muitas frases em que ela incentivava a não cederem nas buscas.
“Nós vamos morrer, os mais velhos também, mas vamos deixar pessoas que continuam lutando por isso porque é natural que continuemos lutando por uma verdade”, disse ela em 2006, de acordo com declarações postadas no Twitter do canal local Teledoce.
No Uruguai, como em outros países da região sob ditaduras na década de 1970, funcionou o chamado “Plano Condor”, que terminou com o sequestro, tortura, morte ou desaparecimento de militantes da esquerda ou opositores dos governos.