02/06/2018 - 14:07
Os tratamentos para o câncer que atacam os tumores em função de suas características genéticas individuais, e não sua categoria geral, aumentam significativamente a sobrevivência do paciente em relação aos métodos tradicionais, segundo o maior estudo já realizado, divulgado neste sábado nos Estados Unidos.
Nem todos os cânceres de mama, fígado ou outros são iguais. Durante anos, os pesquisadores multiplicaram o sequenciamento de tumores, principalmente os resistentes aos tratamentos habituais, para encontrar mutações genéticas em um paciente em particular e adaptar o medicamento que lhe será administrado.
Estes tratamentos dirigidos são considerados promissores, mas faltava confirmar estatisticamente se são mais eficazes. Foi o que uma equipe de pesquisadores no Texas se comprometeu a fazer em 2007, em seu estudo chamado “Impact”.
Os pesquisadores recrutaram 3.743 pacientes tratados no centro oncológico MD Anderson, no Texas, de 2007 a 2013. Todos tinham câncer em estágio avançado, principalmente de mama, pulmão ou gastrointestinal. Alguns receberam até 16 tratamentos.
Do total, 711 foram tratados com um medicamento adaptado a uma mutação genética identificada entre eles. Um segundo grupo, de 596, seguiu o protocolo padrão, principalmente porque não havia disponível nenhum tratamento geneticamente adaptado para seus casos.
Depois de três anos, 15% dos que receberam terapias moleculares específicas estavam vivos, em comparação com 7% no grupo de pacientes que seguiram o tratamento tradicional. Depois de 10 anos, 6% dos pacientes do grupo objetivo estavam vivos, contra 1% do outro grupo.
“Este é o primeiro e maior estudo que mostra que os tratamentos adaptados às mutações genéticas dos tumores em pacientes com câncer avançado aumentam a sobrevivência”, comentou Catherine Diefenbach, oncologista do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York, que não participou do estudo, em entrevista coletiva.
– “O futuro” –
“Antes da medicina de precisão, os pacientes eram tratados em função de seu tipo de câncer. Mas uma pessoa com câncer de mama pode ter células geneticamente mais semelhantes a um câncer de pulmão do que a outro câncer de mama”, explicou a especialista.
“Se o câncer é tratado apenas segundo a sua localização, todas estas diferenças genéticas são deixadas de lado. Este método, que consiste em identificar geneticamente os tumores, representa o futuro”, assinalou.
O sequenciamento, no entanto, não é um tratamento milagroso. Em média, as terapias específicas aumentaram a sobrevivência dos pacientes em nove meses, em comparação com os 7,3 meses dos tratamentos habituais.
Mas o método melhora a cada ano. “No começo, só podíamos trabalhar em um ou dois genes”, lembrou a principal autora do estudo, Apostolia Tsimberidou. Hoje, podem ser detectadas centenas de mutações.
“Idealmente, no futuro, os testes genéticos dos tumores e os exames de DNA irão se tornar a norma no momento do diagnóstico, o que deverá ajudar os pacientes desde o começo, principalmente nos cânceres difíceis”, concluiu a professora.