Policiais federais em greve fizeram um "apitaço" e distribuíram panfletos no aeroporto de Congonhas nesta terça-feira (21), na capital paulista. Eles chamavam a atenção para a "insegurança e o sucateamento da PF". Reclamam também dos baixos salários, um estímulo para que muitos façam concurso em outras instituições, elevando índice de evasão.

 
O presidente do sindicato de São Paulo, Alexandre Santana, participará de audiência do dissídio coletivo instaurado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), hoje à tarde. "Pode ser que ali saia algum acordo quanto ao corte de ponto e à manutenção de efetivo mínimo", disse.
Ele afirmou que os trabalhadores não descartam um endurecimento da greve. "Ficamos conversando dois anos com o governo, demonstrando que a gente tinha paciência e estava disposto a negociar. Mas infelizmente (o acordo) não veio, o que deflagrou a greve. Nós podemos endurecer sim", disse.
 
O movimento grevista
 
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reivindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.
 
Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.
 
O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o "espaço orçamentário" para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.
No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.
 
Itamaraty
 
Os servidores do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) voltam ao comando de greve pela segunda vez em três meses a partir de quarta-feira. A categoria havia paralisado os trabalhos entre 18 de junho e 2 de julho.
 
Diplomatas oficiais e assistentes de chancelaria são os profissionais que integram a categoria. Segundo o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty), o ministério decidiu paralisar novamente os trabalhos depois de o governo federal não ter chamado os funcionários para as negociações realizadas entre 13 e 17 de agosto, período em que o Ministério do Planejamento reuniu-se com outras categorias de servidores públicos.
 
Não há jurisprudência que considere as atividades do Itamaraty essenciais para o público e, sem essa determinação, o órgão pretende parar 100% o trabalho, sem manter o mínimo de 30% dos cargos efetivos em serviço.
 
O sindicato alerta que, com a paralisação do Itamaraty, os serviços de assistência a brasileiros no exterior e a emissão de vistos de trabalho podem ficar prejudicados. Entre os itens da pauta de reivindicação estão a equalização do tipo de vencimento pago aos diplomatas para as outras carreiras da categoria. Outra demanda é um reajuste que recomponha perdas com a inflação no período de 2008 a 2012. A estimativa do Sinditamaraty é de que o acerto culmine em uma correção salarial da ordem de 30%.
 
O Ministério do Planejamento marcou, depois do anúncio de retomada da greve, uma reunião com os servidores do Itamaraty para o fim da tarde de quarta-feira.