O grupo de mídia Newsweek enfrenta uma rebelião interna esta semana após a demissão de dois encarregados editoriais de alto escalão e uma repórter, supostamente por uma investigação sobre as finanças da empresa matriz da revista, objeto de uma averiguação por suspeitas de lavagem de dinheiro.
Nesta semana, o New York Post e outros veículos reportaram que o redator-chefe, Bob Roe, o chefe de redação, Ken Li, e a repórter investigativa Celeste Katz foram demitidos enquanto trabalhavam em uma história sobre as ligações financeiras da empresa matriz com uma universidade cristã fundamentalista.
O Newsweek Media Group, grupo proprietário da outrora publicação líder, se negou a fazer comentários após ser consultado pela AFP.
Na segunda-feira, Katz disse no Twitter que “estava procurando um emprego” e agradeceu “aos valentes editores da Newsweek e colegas que apoiaram e compartilharam meu trabalho, especialmente nossas recentes e difíceis histórias sobre a própria revista, antes da minha demissão hoje”.
Outros jornalistas anunciaram sua saída voluntária, entre eles o repórter investigativo David Sirota, que havia assinalado em tuítes nas últimas duas semanas que a Newsweek atravessava um período de fortes turbulências.
“A revista, até onde sabemos, não existe”, escreveu no Twitter outro repórter veterano, Matthew Cooper, que anunciou sua renúncia na noite de segunda-feira. Disse que a demissão dos editores era uma “vergonha” e um sinal de uma “liderança imprudente” do grupo nova-iorquino proprietário do meio.
Publicação histórica da imprensa americana fundada em 1933, a Newsweek chegou a ter uma circulação global de 3,3 milhões de exemplares até os anos 1990.
Depois de mudar de mãos várias vezes e enfrentar sérias dificuldades no início desta década, parou de circular em papel em novembro de 2012, antes de sua compra – em agosto de 2013 – pelo grupo IBT Media, que relançou uma versão impressa em 2014. Hoje em dia publica cerca de 200 mil exemplares, metade deles nos Estados Unidos.
O grupo IBT Media, rebatizado Newsweek Media Group em 2017, está na mira do procurador de Manhattan Cyrus Vance, que investiga vários empréstimos de origem suspeita recebidos pela companhia, segundo a imprensa americana.
A empresa jornalística manteria especialmente laços com um grupo religioso sul-coreano dirigido pelo pastor David Jang e poderia ter servido para lavagem de dinheiro.
Consultados pela AFP, ninguém no escritório do procurador Vance quis fazer comentários.
Em meados de janeiro, agentes federais se apresentaram na redação da Newsweek como parte dessa investigação, de acordo com um artigo publicado no site da revista.