A banda carioca Barão Vermelho levantou a multidão que assistia ao Rock in Rio. Todo mundo abriu a voz na música Pro dia nascer feliz naquele ano de 1985, quando o Brasil definitivamente reconquistava a democracia. Essa imagem histórica está em Cazuza – o tempo não pára (2004), filme de Sandra Werneck e Walter Carvalho, segundo título da Coleção ISTOÉ – o melhor do cinema brasileiro. Cazuza morreu de Aids em 1990, aos 32 anos. A transposição para as telas da curta, mas criativa, trajetória desse artista tem como um de seus grandes trunfos o desempenho do estreante Daniel Oliveira, que o interpreta.

Agenor de Miranda Araújo Neto, apelidado de Cazuza ainda criança, tinha tudo para ser um jovem acomodado – mas é justamente isso que ele nunca foi. Filho único de João Araújo, o todo-poderoso presidente da gravadora Som Livre (interpretado por Reginaldo Farias), e da superprotetora Lucinha (Marieta Severo), ele entrou na década de 80 como mais um jovem de sua geração imersa em sexo, drogas e rock and roll. Com o guitarrista Roberto Frejat (Cadu Favero) criou o Barão Vermelho. Sucessos da banda como Bete balanço e Maior abandonado e da fase solo de Cazuza como Codinome beija-flor e Exagerado fazem do filme uma festa. Festa do artista que teve a coragem de berrar: “Brasil, mostra a tua cara.”