Em sua pior temporada no Campeonato Brasileiro de pontos corridos, o São Paulo conseguiu reduzir mais de 40% de suas dívidas e estima terminar o ano com um superávit de R$ 17 milhões – o previsto lá atrás era fechar a temporada com um déficit na ordem de R$ 7,5 milhões. A explicação da notícia é a venda de jogadores, que alcançou R$ 156 milhões, mais que o dobro do previsto.

Em entrevista ao Estado, o diretor executivo financeiro do São Paulo, Elias Barquete Albarello, informa que 2017 foi ponto fora da curva na história do clube no quesito venda de jogadores e que a projeção para 2018 será feita de forma “conservadora”. “Manteremos uma previsão de conseguir cerca de R$ 70 milhões com venda de atletas na próxima temporada”, explicou. Isso é menos da metade da arrecadação deste ano.

A título de comparação, o clube recebeu nesta temporada uma proposta de cerca de R$ 44 milhões do Zenit St.Petersburg pelo zagueiro Rodrigo Caio, uma das peças mais valorizadas do elenco. “Isso faz parte do histórico do São Paulo. Essas saídas se dão por inúmeros fatores e um deles é a vontade pessoal do jogador. Não podemos controlar essa variável”.

Ainda que o São Paulo não fique com todo o valor de venda de jogadores, as negociações compensaram alguns sustos, por exemplo, quando o clube viu o dinheiro de TV diminuir por causa das eliminações no Campeonato Paulista, Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Os juros com os bancos, credores de mais de 60% da dívida, ainda preocupam os dirigentes. Só em 2017, o clube pagou R$ 19 milhões em serviço da dívida.

O diretor garante que não foi só a venda de jogadores que impactou na redução da dívida do clube, que passou de R$ 156 milhões no fim do ano passado e deve ficar na casa dos R$ 80 milhões em dezembro. Medidas como a demissão de empregados com altos salários e a renegociação de contratos com terceiros geraram R$ 10 milhões em economia. Além disso, o clube se comprometeu a aplicar até 50% do valor da venda de atletas na amortização dos débitos. “Temos meta de zerar a dívida com os bancos em 2019”, disse.

O São Paulo busca o equilíbrio entre o financeiro e a competitividade em campo. “São coisas diretamente relacionadas. O torcedor sabe que não dá para você ter um time bom, mas endividar o clube, porque aí não dá para comprar jogador. Precisamos tornar a gestão financeira mais eficiente, para que possamos, de forma adequada, gerar recursos para investir”.

O clube prevê poucas mudanças no atual elenco, que tem folha salarial considerada no limite: R$ 12 milhões. Ainda assim, Elias Barquete Albarello afirma que o desempenho em campo precisa ser ponderado. “Não é que não podemos (fazer contratações). Isso depende da performance. Não podemos fazer com que o time deixe de disputar títulos em nome do que havíamos planejado (financeiramente). Hoje temos uma boa equipe e, com uma ou outra mudança, temos tudo para ter um bom 2018”.