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ENFRAQUECIDO
O ministro das Cidades não empenhou emendas e, agora, está sendo acusado de inoperância

Há alguns meses, foi denunciado um esquema de corrupção no Ministério das Cidades, que recebe a maior parte das verbas do PAC. O ministro Mário Negromonte (PP) negou tudo e a presidente Dilma Rousseff lhe deu um voto de confiança. Agora, Negromonte está sendo acusado pelo próprio partido de inoperância por ter deixado de empenhar R$ 24 milhões em emendas parlamentares da bancada do PP no Congresso. O contrato de prestação de serviços entre o ministério e a Caixa Econômica simplesmente caducou, bloqueando, assim, os repasses federais para dezenas de obras em todo o País. O caso foi levado à presidente numa recente reunião reservada com auxiliares. Ao tomar conhecimento da falha, ela esbravejou: “Quando o Marcinho (Márcio Fortes) e sua equipe estavam lá o ministério rodava direitinho. Agora é essa letargia”. Dilma se mostrou preocupada com o que chamou de “falta de gestão” de Negromonte e, ao fim do encontro, deixou clara sua intenção. “Precisamos trocá-lo.” A decisão, no entanto, foi adiada. Para evitar desencadear uma crise administrativa, Dilma achou que o melhor seria deixar a troca para janeiro, quando deverá acontecer a primeira reforma ministerial. Mas o barulho da bancada do PP, que pede a cabeça de Negromonte, pode precipitar a saída do ministro. A cúpula do partido discutiu o assunto no início da semana passada e, na quarta-feira 5, o líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro, conversou por telefone com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela pediu paciência em relação às demandas dos parlamentares e, em sua defesa, reafirmou que o relatório com as emendas da bancada foi enviado dentro do prazo para o gabinete de Negromonte. “Fiz a minha parte”, disse. Ou seja, indiretamente transferiu a responsabilidade para o colo do ministro das Cidades. Negromonte, por sua vez, tem alegado que “não tem orçamento”. O discurso não convence.

Além de perder o apoio da bancada, o ministro das Cidades está sendo abandonado por um de seus principais fiadores no governo. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), já avisou que não quer seu nome associado “às trapalhadas” de Negromonte e o excluiu de seu projeto político para as eleições de 2012. Quem também está mantendo distância é a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Desde a formação do ministério, ela insistiu para que Dilma aceitasse o ministro, garantindo que a gestão estaria nas mãos do secretário-executivo Roberto Muniz, ligado a Eva Chiavon, chefe da Casa Civil da Bahia e amiga de Miriam. Hoje a avaliação é de que a ministra do Planejamento se equivocou, ao avalizar a indicação. Para Dilma, tanto Muniz como Negromonte demonstram falta de capacidade política e, principalmente, incompetência de gestão. Como última cartada para tentar evitar a degola, Negromonte apelou até ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, atual prefeito de João Alfredo, município do interior de Pernambuco. Após quase três horas de conversa no 14º andar do Ministério das Cidades, Severino o aconselhou a reassumir seu mandato de deputado federal.

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