O trabalho incansável de colonos alemães e italianos que se instalaram no Sul do Brasil a partir do final do século 19 transformou a privilegiada natureza local em aprazíveis paisagens, preservadas pelas sucessivas gerações de descendentes que mantiveram o compromisso com a terra e suas possibilidades. Apesar de suas peculiaridades, é a região serrana do Rio Grande do Sul que mais aproxima o país da Europa. Quem percorre os campos pelas veredas que cruzam a Serra Gaúcha muitas vezes tem a impressão de estar em outro território, alheio ao Brasil.

É com essa sensação que se chega ao luxuoso Saint Andrews, primeiro e único hotel “Exclusive House” do Brasil – um palacete dentro de um condomínio fechado em Gramado. Do nome à arquitetura, tudo ali foi inspirado na região que mais concentra castelos na Escócia. A imponente construção de pedra é cercada por jardins e descortina a indescritível vista do Vale do Quilombo, onde a natureza permanece intacta. Em qualquer uma das 11 suítes e nas demais áreas do hotel, a atmosfera é de aconchego e sofisticação. Único hotel de montanha do Brasil pertencente à exclusiva associação Relais & Châteaux, que reúne os melhores hotéis e restaurantes do mundo, o Saint Andrews foi eleito quatro vezes pelo Word Travel Award, o maior prêmio do turismo mundial. Seu restaurante, o elegante Primrose, também ostenta conquistas importantes, como Award of Excellence 2016 da revista americana especializada em vinhos Wine Spectator – honraria restrita a 88 estabelecimentos de todo o planeta. Em 2017, o Primerose também foi agraciado com o prêmio World Luxury Restaurant Awards 2017. É um restaurante caro (um jantar para duas pessoas chega facilmente à quantia de R$ 500, sem incluir as bebidas), assim como os vinhos e champanhes que repousam na adega gourmet — alguns com preços acima de R$ 6 mil.

O preço da exclusividade é recompensado por mimos aos hóspedes: a elegante piscina coberta, climatizada e cercada de vidro, é reservada apenas para um casal por vez. No jardim principal, um lago com deck e lounge é circundado por gazebos e um cigar lounge, ambiente íntimo e para degustação de bebidas premium e charutos raros. Ilha de exceção na hotelaria brasileira, o Saint Andrews é uma experiência que transcende qualquer ideia preconcebida que se possa ter de uma viagem à turística Gramado. Tanto que o hotel costuma ser considerado um destino em si — e não uma alternativa de luxo na cidade famosa por suas hortênsias, chocolates caseiros e fondues. Os traslados desde os aeroportos de Porto Alegre ou Caxias do Sul podem ser feitos em carro de luxo do hotel com chofer privativo, helicóptero ou avião fretado.

Duas paisagens, duas propostas: o Vale dos Vinhedos a partir de uma varanda do Borghetto Sant’Anna (à dir.), que oferece casas para os hóspedes; e a elegância nos mínimos detalhes do Saint Andrews (à esquerda)

Distando cerca de uma hora e meia de carro desde Gramado, o peculiar Parador Casa da Montanha pertence aos mesmos donos do hotel que ficou famoso por hospedar as estrelas do festival de cinema e surpreende por ser um refúgio inspirado nos lodges da África: ali, os hóspedes vivem uma experiência de luxo mesmo instalados em “barracas”. O termo talvez seja pouco apropriado, por isso convém detalhar: as paredes das suítes são realmente de lona, mas a semelhança com um acampamento se limita a esse detalhe. Do lado de dentro das acomodações, tudo foi pensado para garantir o máximo conforto, da calefação ao enxoval de primeira, incluindo hidromassagem e, nas suítes maiores, uma lareira de pedra. Os atrativos da região, no município gaúcho de Cambará do Sul, são os Parques Nacionais da Serra Geral e de Aparados da Serra, cortados pelos cânions Fortaleza e Itaimbezinho. São paisagens de tirar o fôlego, com desfiladeiros de até 400 metros formados por paredões de rocha. Os passeios e caminhadas pelos parques são indissociáveis da rotina de quem escolhe ir até o Parador, hotel que recompensa os hóspedes com seu luxo rústico e uma “Adega de Vinhos Incomuns”, que guarda rótulos raros.

Se o interesse são os prazeres do mundo de Baco, contudo, nada melhor que se hospedar de frente para um vinhedo – ou até mesmo dentro dele. Essa é a proposta de três das hospedarias mais charmosas de Bento Gonçalves. O Hotel & Spa do Vinho, erguido em meio aos parreirais do Lote 43, onde são produzidos os vinhos icônicos de mesmo nome da Miolo, no Vale dos Vinhedos, traz a assinatura da Autograph Colletion, grife de hotéis boutique da rede Marriott. O empreendimento inovou ao trazer par ao Brasil o conceito de enoterapia desenvolvido em Bordeaux, na França, pela fundadora da marca de cosméticos Caudalíe. O belíssimo spa e sua variedade de tratamentos à base de derivados da uva, como cascas e sementes, colocam o hotel em um patamar acima dos congêneres no Brasil. Completa a sensação de bem-estar a encantadora paisagem de videiras a perder de vista.

Rústico e acolhedor: a varanda com lareira das cabanas de luxo (acima), o deck em frente ao salão do Parador Casa da Montanha e o típico fogo de chão gaúcho

O cenário natural e o conforto sem viés da hotelaria tradicional garantem o charme da pousada Borghetto Sant’Anna, onde o hóspede pode escolher entre suítes ou casas inteiras cujas varandas se debruçam sobre aquela que é considerada a mais bela paisagem do Vale dos Vinhos. “Buscamos oferecer aos nossos hóspedes privacidade com estilo. Não buscamos o luxo, valorizamos os espaços – internos e externo”, diz o proprietário Rubens Sant’Anna Filho. “Temos por foco o enoturista, que busca, explora e valoriza o contexto do mundo do vinho”. Uma imersão ainda maior nesse universo é possível na Pousada Don Giovanni, que funciona dentro da vinícola de mesmo nome e oferece oito quartos para hospedagem: sete no casarão de 1930 que já foi sede da estância onde ainda hoje são produzidos vinhos e espumantes de qualidade superior e uma cabana adaptada a partir de uma antiga estrebaria em meio aos vinhedos. Ali, a encantadora vista das parreiras se completa com os primeiros raios da luz do sol banhando um açude. Além de degustar os rótulos da casa que ficou famosa por suas garrafas ovaladas no estilo chianti, o hóspede pode estender a visita à vizinha Cave Geisse, onde são produzidos os melhores espumantes do Brasil.