19/07/2017 - 8:00
É inegável a revolução que a tecnologia tem provocado na vida contemporânea, seja no modo como vivemos, trabalhamos ou nos relacionamos. Na educação, essa mudança não poderia ser diferente. Num artigo anterior (leia aqui), já havia falado sobre como as tecnologias digitais têm proporcionado novas possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem, provocando, assim, transformações na escola e no que se espera dela.
Uma tendência, em especial, tem ganhado muita relevância ao redor do mundo: o ensino da programação de computadores a estudantes. Em países como Austrália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, a computação e a criação de tecnologias digitais têm sido integradas às bases curriculares de toda a Educação Básica.
Mas quais são as motivações por trás da integração da programação de computadores ao ambiente escolar? Um interessante artigo publicado pelo jornal norte-americano The New York Times em junho, questiona a influência das grandes empresas de tecnologias nesse processo. Estaria essa tendência mais atrelada a uma demanda por formação técnica/profissional, condicionada aos grandes interesses da indústria?
Em cenários complexos, resgatar o passado sempre ajuda a entender o presente e pensar o futuro. Nesse sentido, a equipe do Instituto Ayrton Senna esteve presente no IDC 2017, um evento focado no design de tecnologias para crianças, realizado em Stanford, nos Estados Unidos.
Entre os aprendizados trazidos pela equipe está o entendimento de que o uso da programação de computadores é também uma prática eficaz para o desenvolvimento de competências, como resolução de problemas, criatividade e colaboração. Em outras palavras, ela também ajuda a promover a Educação Integral.
No Brasil, iniciativas como o Pernambucoders, Computação na Escola, Projeto Rope e o Letramento em Programação, do Instituto Ayrton Senna, demonstram foco no desenvolvimento de competências mais amplas que habilidades técnicas, melhorando a relação do aluno consigo, com seus pares e com a escola. São projetos que já estão implementados em algumas redes públicas de ensino, em diferentes estados.
Portanto, é inegável dizer que a integração da programação ao ambiente escolar ajuda a ampliar o horizonte de crianças e jovens sobre suas possibilidades de futuro, podendo até atraí-los naturalmente para uma carreira mais técnica ou relacionada à tecnologia. Entretanto, o principal foco dessas ações deverá ser a promoção de uma educação plena, buscando desenvolver o potencial dos estudantes.
Como define muito bem Mitchel Resnick, pesquisador do MIT, aprender a programar “não pode ser visto apenas como um caminho para bons empregos, mas como uma nova forma de expressão e um novo contexto de aprendizagem”.