opibdorio.jpg

9,2% foi o aumento da renda média do trabalhador do Rio em junho, em relação a junho de 2006

 

Os números remetem a um novo tempo. Projetos como o Complexo Petroquímico de Itaboraí, a ThyssenKrupp CSA – Cia Siderúrgica, a siderúrgica da Votorantim, o Plano Nacional de Gás Natural, a nova planta da CSN, o Complexo do Açu e os investimentos na exploração e produção de petróleo, além do pólo gás-químico de Duque de Caxias colocarão no Estado do Rio de Janeiro cerca de R$ 110 bilhões nos próximos cinco anos. São investimentos que os fluminenses não viam desde 1960, quando a capital federal foi transferida para Brasília e o Estado sofreu um lento e contínuo processo de decadência econômica e social. Agora, a realidade emite sinais sólidos de recuperação. “Nenhum Estado tem tantos megaprojetos em andamento”, comemora Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Outros números, esses mais ligados ao dia-a-dia do cidadão, confirmam esse novo momento. Levantamento do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) com base na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE indica que em junho de 2007 a renda habitual média do trabalhador no Rio aumentou 9,2% em relação ao mesmo mês do ano passado – um crescimento três vezes maior do que o da média das seis regiões metropolitanas pesquisadas. Em julho, foi a vez de constatar o índice de menor desemprego na capital fluminense nos últimos cinco anos: 5,6% contra 6,9% em julho de 2006.

 

O economista André Urani, pesquisador do Iets, aponta o entendimento entre o setor privado e os governos municipal, estadual e federal como principal responsável por esse novo rumo do Estado. “Não contamos mais só com o petróleo”, diz Urani. Assim, o governador Sérgio Cabral tem procurado a convergência entre os três níveis de poder e parece apostar suas fichas numa espécie de reedição do que Mário Covas fez em São Paulo: ajuste fiscal rigoroso e redesenho dos serviços públicos. “Há investimentos espetaculares, o combate ao crime e o crescimento dos setores de serviços, tecnologia, moda e audiovisual”, diz Cabral.

opibdorio1.jpg

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, tem uma explicação singela para o otimismo: “Fizemos o arroz-com-feijão e estamos interagindo politicamente.” Entre as decisões que mostra o alinhamento entre os poderes está a transferência, para a prefeitura da capital, do controle do trânsito, da Linha Vermelha, da Lagoa Rodrigo de Freitas. Soma-se a isso o fato de o governador estar mantendo um rígido corte de gastos, comandado pelo secretário de Fazenda, Joaquim Levy. Mas nem tudo é comemoração. Anuncia-se para breve, por exemplo, um corte drástico em um setor que o governador tinha dito, em campanha, ser prioridade de seu governo, o investimento no conhecimento: o orçamento da Uerj vai diminuir 6% (R$ 35 milhões). Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, diz que, se o Brasil voltar a crescer, a economia do Rio “será a mais bem posicionada, em função do Porto de Itaguaí”, mas adverte para as conseqüências ambientais. “O Estado não tem plano de uso do solo e nem para evitar a favelização após os megaprojetos.” Faz outro alerta: os cortes de Levy, especialmente na educação, podem comprometer o futuro. “Ele só sabe cortar, sem olhar as conseqüências”, diz ele. Um dos maiores desafios do governo para transformar em renda e trabalho os megainvestimentos é estimular a inovação tecnológica e criar incentivos que façam proliferar empresas de serviços e indústrias de terceira geração. “Nenhum Estado tem um programa de estímulos fiscais tão agressivo, mas ainda temos taxas pesadas para eletricidade, telecomunicações e combustíveis. Talvez valha a pena sermos menos ousados na área industrial e voltar os impostos sobre esses serviços para níveis normais”, aponta o secretário Júlio Bueno, de olhos bem abertos para a luz no fim do túnel.