IstoÉ Cultura: Gregorio Duvivier estreia espetáculo sobre a língua portuguesa no Rio

Demian Jacob
Gregorio Duvivier estreia "O Céu da Língua" Foto: Demian Jacob

ISTOÉ CULTURA

Teatro

O ator, humorista e escritor Gregorio Duvivier estreou nesta quinta-feira, 6, no Rio de Janeiro, temporada de sua peça “O Céu da Língua”, um monólogo criado por ele e dirigido por Luciana Paes que estreou primeiramente em Portugal, e que agora chega ao Brasil.

Apaixonado por poesia, Duvivier escreveu o espetáculo como uma ode à língua portuguesa, para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e que o assunto pode ser prazeroso e divertido. “A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, diz o ator. ““Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura. A peça fica na esquina do poema com a piada”, completa.

“O Gregorio comediante está no palco ao lado do Gregorio intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e por isso a plateia embarca na proposta”, explica a diretora, que compartilha com o ator a paixão pelo nome das coisas. “Graças aos seus recursos de ator, Gregorio pega o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado”, diz Luciana.

O Céu da Língua. Texto e interpretação: Gregorio Duvivier. Direção: Luciana Paes. Classificação: 12 anos.

Teatro Carlos Gomes. Praça Tiradentes – Centro, Rio de Janeiro. Até 24 de fevereiro. Quintas e sextas, às 19h; sábados e domingos, às 20h. Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). riocultura.eleventickets.com

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Livros

A primeira “era das revoluções” do século 21

Da Primavera Árabe ao Gezi Park, na Turquia, do Euromaidan, na Ucrânia, às rebeliões estudantis no Chile, até as jornadas de Junho de 2013 no Brasil, “A Década da Revolução Perdida”, do jornalista Vincent Bevins, lançado neste mês pela Boitempo, apresenta um relato detalhado dos movimentos de rua da década de 2010 e suas consequências.

Baseado em quatro anos de pesquisa e centenas de entrevistas realizadas em todo o mundo, Bevins, que foi correspondente do Los Angeles Times no Brasil de 2011 a 2016, constrói sua obra em torno de uma questão vital: Como tantos protestos em massa levaram ao oposto do que eles pediam?

“A Década da Revolução Perdida” traz uma investigação cuidadosa, que aponta que talvez o pensamento convencional sobre mudanças revolucionárias esteja equivocado. Na obra, manifestantaes de todo o mundo fazem uma retrospectiva dos sucessos e das derrotas, oferecendo, possivelmente, urgentes lições para o futuro.

IstoÉ Cultura: Gregorio Duvivier estreia espetáculo sobre a língua portuguesa no Rio

“A Década da Revolução Perdida”, de Vincent Bevins
Tradução: Carlos Eduardo Matos
Boitempo
344 págs.
R$ 93 (físico) / R$ 79 (e-book)

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Vencedor do Jabuti ganha nova edição

A Fósforo acaba de lançar uma nova edição de “Nihonjin”, livro de estreia de Oscar Nakasato, vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance em 2012. A obra é uma saga familiar contada a partir da vida de Hideo Inabata, um imigrante orgulhoso da própria nacionalidade que, como tantos conterrâneos, aporta no Brasil no início do século 20 para trabalhar nas lavouras de café do interior de São Paulo.

Imbuído da sagrada missão de levar recursos ao seu país natal, conforme orientação do imperador aos seus súditos, Hideo logo se defronta com mais dificuldades do que imaginava, e as expectativas dos primeiros dias no navio logo se transformam diante do trabalho árduo e dos choques culturais na nova terra.

Ele, no entanto, não cede às dificuldades: resiste à morte da primeira esposa, Kimie, e rejeita as influências da cultura local apresentadas pelos filhos nikkei Haruo e Sumie com a inflexibilidade do que considera ser a honra de um autêntico nihonjin (“japonês”).

Narrada pelo neto de Hideo, Noboru, essa saga lança luz sobre o amor, a união, as distâncias e as diferenças de três gerações de uma comunidade que há mais de cem anos vem se emaranhando a outras para tecer juntas os fios da história brasileira. Da vida dura na lavoura ao comércio no bairro da Liberdade, em São Paulo, da hospitalidade de um país que se abriu para imigrantes às perseguições sofridas por este mesmo país durante a Segunda Guerra Mundial, “Nihonjin” retrata os dilemas no seio da comunidade nipônica, e vai além ao destrinchar o que há de mais universal na dor humana de ver os próprios sonhos se esvaírem.

IstoÉ Cultura: Gregorio Duvivier estreia espetáculo sobre a língua portuguesa no Rio

“Nihonjin”, de Oscar Nakasato
Fósforo
144 págs.
R$ 69,90 (físico) / R$ 48,90 (e-book)

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Clássico de ensaísta americana precursor da autoficção

Acaba de sair pela Instante uma nova edição do clássico “Noites Insones”, da crítica literária e romancista estadunidense Elizabeth Hardwick. Publicado originalmente em 1979, quando a autora tinha 63 anos e uma carreira consolidada como ensaísta de prestígio, a obra é uma meditação sensível sobre a própria memória, e um dos precursores da autoficção.

Nas lembranças que povoam as noites insones da narradora — uma idosa chamada Elizabeth, internada em uma clínica geriátrica —, figuras reais, como a cantora Billie Holiday, dividem espaço com fictícias, as quais por vezes se misturam à vida de Hardwick, como o personagem sem nome que alude a Robert Lowell, poeta com quem viveu um tumultuado casamento e que morreu de infarto em 1977, no banco traseiro de um táxi, quando estavam prestes a se reconciliar.

O romance inclui vislumbres das corridas de cavalo no Kentucky, dos clubes de jazz de Nova York, do bairro mais elegante de Boston, Beacon Hill, dos canais de Amsterdã, além de encontros com comunistas, poetas e a intelligentsia literária nova-iorquina. Ainda lança luz sobre questões que já afligiam Hardwick na época, como racismo, sexismo e pobreza.

IstoÉ Cultura: Gregorio Duvivier estreia espetáculo sobre a língua portuguesa no Rio

“Noites Insones”, de Elizabeth Hardwick
Tradução: Gisele Eberspächer
Instante
144 págs.
R$ 74,90