Atenção: contém spoiler!
Estreia nesta quinta-feira, 6, nos cinemas de todo o Brasil, o filme “Os Sapos”, protagonizado por Thalita Carauta e dirigido por Clara Linhart. O longa é derivado da peça teatral homônima e inspirada em uma história real vivida pela roteirista Renata Mizrahi.
A história tem tudo para ser daquelas que dá um soco no estômago de quem assiste por escancarar diversos problemas sociais em frente à telona.
Porém, ainda assim, nem todo mundo será capaz de entender realmente a profundidade de uma narrativa em torno de abusos psicológicos, manipulação, assédio sexual e machismo, que colocam a mulher como vítima de todas essas violências.
Na trama, Paula (Thalita Carauta), uma mulher de 40 anos, chega a uma casa no meio do nada para um reencontro com amigos da escola, mas descobre que a confraternização foi cancelada – exceto com ela, que teve o seu convite exclusivamente confirmado pelo anfitrião Marcelo (Pierre Santos).
Presa no local até o dia seguinte, ela convive com o colega da adolescência e sua namorada não assumida, Luciana (Karina Ramil), além de um casal de vizinhos, Cláudio (Paulo Hamilton) e Fabiana (Verônica Reis).
A presença de Paula gera um turbilhão de tomada de consciência, infelizmente apenas momentânea, das mulheres que estão ali, e revela as neuroses dos dois casais, que estão presos às relações construídas sem uma base sólida.
Embora esta não seja nenhuma novidade no cotidiano de muita gente que mantém uma vida a dois, há quem goste da trama, elogie a fotografia um tanto bucólica, e talvez até seja tomado por um carinho de fã pelo elenco já conhecido de outras produções cinematográficas ou da TV.
Contudo, aqui vão alguns sinais para quem NÃO assistirá ao filme direitinho:
- Se você gostar da história, mas ainda achar que sufocar a parceira em um relacionamento cheio de cuidados significa amar, você não entendeu nada.
- Se você assistir e ainda achar que relacionamento não-monogâmico significa anular o sentimento da parceira e não bancar suas escolhas, você não entendeu nada.
- Se você sair da sala do cinema elogiando o filme, mas na primeira oportunidade que encontrar uma mulher supor que ela está te dando mole só porque foi simpática, você não entendeu nada.
- Se você realmente achou a história impactante, mas dá em cima de mulheres sem contar que é casado, você não entendeu absolutamente nada – mesmo!
Porém, se você não estiver conseguindo enxergar que é a vítima da relação, esse filme é, sim, para você, e serve de alerta do início ao fim.
“Os Sapos” traduz de forma direta o que a mulher vive todos os dias, sob a ótica da obviedade dela própria. Entretanto, o filme também toca quem nunca sofreu algo parecido, mas já viu alguém sofrer, tem empatia, responsabilidade afetiva e cuidado nas relações.
Em tempos de desinformação e conhecimento raso sobre direitos humanos, o filme se torna necessário para que as pessoas, sobretudo as mulheres, entendam que não precisem mais “engolir tantos sapos”.