Collor volta a ser assunto nas redes pelo confisco da poupança; relembre como foi

Collor viraliza nas redes por confisco da poupança; lembre como foi
Fernando Collor Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado

O ex-presidente Fernando Collor foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nesta quarta-feira, 4. Motivo: o confisco da poupança, ocorrido durante seu governo em 1990. Naquele período, os brasileiros foram impedidos de sacar valores superiores a 50 mil cruzados novos. Alguns internautas utilizaram o X (antigo Twitter) para contar histórias de parentes e conhecidos que tiveram o dinheiro retido na época.

O caso voltou ao debate público quando um internauta usou como exemplo uma reportagem da Globonews a respeito de uma fala do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, sobre as críticas referentes ao custo do Judiciário para a União.

“Estima-se que o governo Collor tenha confiscado 30% do PIB brasileiro, ou R$597 bilhões hoje. O confisco ocorreu em 1990. Em 2012 a ação de devolução ainda estava no STF. Estimava-se em 300 bilhões a causa. Em 2022 a Federação dos Bancos falava em potenciais R$800 bilhões em prejuízos. Até que o STF decidiu… que os bancos deveriam pagar R$12 bilhões. Sim. O governo te roubou. Os bancos lucraram. E o STF decidiu que você não podia causar prejuízos ao sistema, apenas o contrário, o sistema causar prejuízos a você, é possível. Essa única ação custou mais aos brasileiros nos últimos 20 ANOS do que o Barroso alega que o judiciário ‘arrecada’, escreveu Hermes.

Em seguida, alguns usuários passaram a compartilhar a publicação para relatar as histórias que conheciam sobre o confisco. “Meu pai era contador, Guardou dinheiro a vida toda e o filho da pu** do Collor tomou. Ele morreu em 2002 sem ver o dinheiro dele de novo. Enquanto isso, Collor está por aí, livre, leve e solto. E ainda tem imbecil para fazer vídeo revisionista sobre o assunto”, disse um usuário.

“[Eu] Era adolescente e lembro das notícias das pessoas que se suicidaram, das famílias destruídas e de todo o desastre. E o Collor está aí até hoje, curtindo seu dinheiro, ganhando eleições”, afirmou outro. No entanto vale relembrar que na última eleição geral de 2022 Fernando Collor não conseguiu se eleger para assumir o governo de Alagoas.

“Graças à minha mãe eu aprendi a diferença entre esquerda e direita desde a infância! Lembro dela cm o chimarrão na mão me contando sobre a miséria e os suicídios causados pelo bandido Collor. Mas o pobre de direita sofreu uma lavagem cerebral grave a ponto de apoiar o inaceitável”, contou outra internauta.

Relembre o que foi o confisco da poupança

Imagine acordar e descobrir que o governo federal impôs um limite para o saque do seu próprio dinheiro. Em 1990, durante o governo Collor, foi estabelecido que 50 mil cruzados novos seria o valor máximo para o saque. Esse montante, corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que ajusta os valores pela inflação e reflete a variação do poder de compra da moeda, equivale, em valores atuais, a R$ 13.576,75, com base em dezembro de 2024.

Baseado na prefixação da correção de preços e salários, câmbio flutuante e aumento de tributação sobre aplicações, o projeto da Fazenda era enxugar drasticamente de dinheiro circulando no País tinha com o objetivo de contornar a inflação que, nos cinco anos anteriores, somou 1.062.000%.

Em um comunicado à população, Collor afirmou que não havia outra alternativa. “Vários economistas se pronunciaram dizendo que, se não fosse aquele bloqueio de ativos, chamado equivocadamente de confisco, não poderia ter havido o controle de preços de forma satisfatória”, completou.

A então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, também se pronunciou à nação. Em uma entrevista coletiva conturbada, classificou as medidas do plano como “duras e profundas”.

Isso fez com que muitas pessoas fossem aos bancos para retirar os valores que tinham sobrado em suas contas, provocando escassez de notas em muitas agências.

O congelamento dos depósitos no Banco Central durou 18 meses, e ocasionou em falências e até suicídios. No comércio, a situação também ficou complicada, já que falta de dinheiro em circulação fez com que muitos consumidores mudassem seus hábitos, deixando alguns comércios completamente vazios.

No dia 31 de janeiro de 1991, a ministra Zélia Cardoso lançou o segundo plano econômico: O Collor 2. Porém, de nada adiantou. Em 10 de maio de 1991, ela foi substituída pelo economista Marcílio Marques Moreira.

Além dela, o governo Collor teve um desfecho melancólico. Acusado de liderar um esquema de corrupção, o ex-presidente sofreu um processo de impeachment e foi afastado do cargo no dia 29 de setembro de 1992. Seu vice, Itamar Franco, assumiu a Presidência da República.

Collor renunciou ao posto de presidente ainda durante o processo, e seus direitos políticos foram cassados por oito anos. Após cumprir a punição, ele retornou ao campo político e conseguiu se eleger senador por Alagoas em 2006, cargo que ocupou por dois mandatos, ou seja, 16 anos.

Em 2020, por meio de uma publicação no X (antigo Twitter), Fernando Collor pediu perdão pelo confisco. Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, escreveu. “Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros”, concluiu.