Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Para defender réus do 8 de Janeiro, Rogério Marinho mente sobre Dilma e Míriam Leitão

Rogério Marinho diz que Dilma e Míriam Leitão assaltaram bancos, o que não é verdade

Roque de Sá/Agência Senado
Senador Rogério Marinho (PL-RN) Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O senador Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte, já deu uma mostra de como será o jogo da extrema direita para tentar anistiar os condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Em menos de um minuto numa entrevista à CNN nos corredores do Senado, ele ressuscitou duas fake news, afirmando que Dilma Rousseff e a jornalista Míriam Leitão foram anistiadas depois de assaltarem bancos.

“A Dilma Rousseff, ela assaltou um banco. A Míriam Leitão da mesma forma. O Gabeira, nosso amigo Gabeira, ele foi processado por sequestro. Crimes de morte foram perdoados. José Dirceu. José Guimarães. Brizola, que já faleceu. Arraes. Todos eles foram perdoados. Foram anistiados, reincorporados à vida pública”, disse o senador.

Míriam Leitão foi presa e torturada por integrar o PCdoB em 1972. Nunca recebeu anistia. A ex-presidente Dilma Rousseff, também torturada, foi presa em 1970 por participar de grupos de esquerda e nunca militou na luta armada. Não há, em seu documento de prisão, nenhuma informação sobre armas. Passou cerca de dois anos na prisão em São Paulo, depois de longas sessões de tortura.

A Lei da Anistia a que o senador se refere, de 1979, serviu tanto aos presos políticos —muitos deles que já tinham cumprido suas penas— quanto aos militares e agentes da tortura e da repressão. Todos esses agentes, quando denunciados por crimes de tortura, prisão ilegal, assassinato, sequestro e desaparecimento forçado de militantes, têm se amparado nessa lei para seguirem impunes.

Em nota, Marinho retirou as afirmações sobre Míriam Leitão, mas manteve as demais. Leia a nota enviada à coluna:

“Na entrevista concedida à CNN na data desta sexta-feira (31), a afirmação de que Míriam Leitão foi condenada e anistiada estava equivocada. Com relação aos demais citados, que foram condenados por crimes, reiteramos que foi a anistia o instrumento que permitiu a pacificação do país naquele momento e que deve, novamente, servir ao mesmo propósito.”

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