A vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil) registrou um boletim de ocorrência contra o rapper Oruam após o artista publicar vídeos nas redes sociais com ofensas à parlamentar. Amanda também diz ter passado a sofrer ameaças. A polêmica teve início depois que a coordenadora do Movimento Brasil Livre (MBL) que deu o nome de Oruam a um Projeto de Lei que visa proibir a contratação, pelo poder público, de shows e artistas que promovam apologia ao crime organizado, uso de drogas ou ao sexo.
Ao divulgar o projeto de lei, Amanda Vettorazzo publicou um vídeo em seu Instagram dizendo que quer proibir Oruam de realizar shows em São Paulo. Na publicação, ela afirma que apologia às drogas, ao sexo e às facções criminosas são os “principais temas” das músicas do rapper, que é filho de Marcinho VP, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho.
Oruam respondeu à proposta com uma série de vídeos de curta duração no Instagram, onde disparou ofensas contra a vereadora, chamando-a de “doente mental” e “idiota” e defendendo que suas músicas refletem sua própria realidade. O rapper também compartilhou um vídeo em que um outro interlocutor diz para “alguém comer ela”, em referência à vereadora. Ao fundo, o próprio Oruam repete a frase e completa: “Toma jack”.
A declaração gerou uma onda de críticas, principalmente porque o termo “jack” é usado nas penitenciárias brasileiras para se referir a um estuprador. “Basicamente, (o Oruam) convocou seus animais para estuprarem a Amanda”, disse o Coordenador Nacional do MBL, Renan Santos, pelas redes sociais.
Em um dos vídeos que publicou, Oruam marcou o perfil de Amanda no Instagram e escreveu aos seus seguidores: “vamos dar fama pra ela”. A vereadora relatou no boletim de ocorrência ter recebido “milhares de mensagens” de fãs do artista com “ameaças de morte, envio de figurinhas em forma de revólver, injúrias e difamações”.
Em uma das mensagens compartilhadas por ela com a reportagem, uma conta no Instagram afirmava que Amanda “vai escutar o AK-47”, em referência a um modelo de fuzil. Em outra mensagem, na qual a conta da vereadora foi marcada, um homem segura uma arma enquanto dança ao som de uma música de Oruam.
O Estadão/Broadcast procurou o rapper por meio dos contatos presentes em seu site oficial, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço está aberto. Nesta terça, ele publicou um carrossel de imagens no Instagram que contém uma imagem com a notícia do registro do boletim de ocorrência pela vereadora e com a seguinte legenda: “Sou revoltado mesmo, cresci sem pai, vc não sabe oq é ‘vencer’ com o mundo contra vc, vcs nunca vão entender a mente de um astro. Aceito ser alvo da mídia, vcs precisam ter um vilão pra enxugar tudo que acontece por aqui, até que isso é bom, odeio bajuladores. No final o traficante é o menor dos problemas”.
Já Amanda Vettorazzo disse que foi surpreendida pela quantidade de ameaças recebidas. “(Foi) o que me levou a registrar um boletim de ocorrência contra o cantor Oruam, devido à incitação para que seus seguidores me enviassem mensagens de ameaças, além de encaminhar um memorando à Presidência da Casa solicitando reforço na segurança por parte da GCM”, disse.
Diante da repercussão do caso, Amanda Vettorazzo e o MBL lançaram nesta terça-feira um site para que parlamentares de outras cidades possam se cadastrar e receber o modelo do projeto de lei para protocolá-lo em suas câmaras municipais.
“Nós começamos esse movimento contra a cultura do crime com a Amanda em São Paulo e agora queremos que vire uma prática em Câmaras Municipais ao redor do Brasil”, afirmou Renan Santos.