A mudança climática criou o cenário para os incêndios florestais devastadores de Los Angeles, com menos chuvas, vegetação seca e a conjunção de ventos poderosos com condições de seca inflamáveis, de acordo com uma análise de especialistas publicada nesta terça-feira (28).
O estudo conclui que as condições favoráveis a incêndios foram aproximadamente 35% mais prováveis devido ao aquecimento global, causado pelo uso de combustíveis fósseis.
“A mudança climática aumentou o risco de incêndios florestais devastadores em Los Angeles”, garantiu Clair Barnes do Imperial College de Londres, autora líder do estudo da World Weather Attribution (WWA), uma rede de colaboração acadêmica internacional.
“As condições de seca estão avançando cada vez mais para o inverno, aumentando a possibilidade de surgimento de incêndios durante os fortes ventos de Santa Ana, que podem transformar incêndios pequenos em infernos letais”, acrescentou.
“Sem uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis que aquecem o planeta, a Califórnia continuará ficando mais quente, seca e mais inflamável”, afirmou.
O estudo não aborda as causas diretas dos incêndios florestais, que eclodiram no entorno de Los Angeles em 7 de janeiro, matando pelo menos 29 pessoas e destruindo mais de mil residências, o mais destrutivo na história da cidade.
Por outro lado, os pesquisadores da WWA analisaram dados e modelos climáticos para avaliar como tais eventos evoluíram nas condições climáticas atuais, de aproximadamente 1,3°C acima dos níveis de temperatura pré-industriais.
O estudo adverte que, nas condições atuais, nas quais o aquecimento global alcançará os 2,6°C até 2100, haverá 35% mais probabilidade de que ocorram incêndios similares em janeiro.
Historicamente, a temporada de incêndios florestais chegava a seu fim com as chuvas de outubro a dezembro, mas essas precipitações diminuíram nas últimas décadas.
O estudo revela que a escassez de chuva nesses meses é agora 2,4 vezes mais provável nas condições neutras da época do fenômeno El Niño, levando a condições mais inflamáveis e secas que persistem no ápice da temporada de ventos de Santa Ana, entre dezembro e janeiro.