Donald Trump visitou nesta sexta-feira (24) a Carolina do Norte e a Califórnia, dois estados atingidos por desastres naturais, em uma tentativa de capitalizar politicamente a entrega de recursos federais durante a primeira viagem após retornar à Casa Branca.
O mandatário republicano disse que firmaria uma ordem para pôr fim à agência federal que se encarrega de administrar os recursos destinados a desastres naturais, o que poderia colocar a decisão de quais estados recebem apoio de Washington mais diretamente em suas mãos.
Trump ameaçou a liberal Califórnia, que tem se declarado um bastião de resistência diante de algumas de suas políticas, com reter o apoio financeiro federal para enfrentar as consequências dos devastadores incêndios florestais que afetaram Los Angeles se não seguir suas orientações.
Na Carolina do Norte, no leste dos Estados Unidos, onde no ano passado o furacão Helene provocou inundações que deixaram mais de 100 mortos, Trump disse que estava “decepcionado” com o trabalho a Agência Federal para Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês).
Trump adiantou que vai assinar “uma ordem executiva para começar o processo de reforma e revisão fundamental da FEMA, ou talvez para se desfazer dela”.
“Vamos recomendar que a FEMA desapareça”, sustentou.
Trump se reuniu com as vítimas das inundações e lhes pediu que contassem o que, segundo elas, eram erros das agências federais e das companhias de seguros.
– ‘O melhor presidente’ –
Já na Califórnia, na costa oeste do país, Trump busca utilizar o apoio federal como arma para pressionar seus rivais democratas, depois que incêndios florestais deixaram mais de 25 mortos, dezenas de milhares de deslocados e bilhões de dólares em prejuízos.
O presidente disse que poderia reter a ajuda se a Califórnia não mudar as leis eleitorais que, segundo ele, permitem que os imigrantes em situação irregular votem, o que não procede.
Além disso, tentou pressionar o estado para mudar suas políticas ambientais.
“Na Califórnia, tenho uma condição”, disse ele. “Quero duas coisas, quero um título de eleitor para o povo da Califórnia […] e quero ver a água ser liberada e descer.”
“Depois disso, serei o melhor presidente que a Califórnia já viu.”
Mas quando chegou a Los Angeles na tarde desta sexta, manteve uma linguagem corporal e verbal amigável com o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que o recebeu na pista de pouso, e que já foi alvo reiterado de seus insultos.
“Aprecio que o governador tenha vindo me receber”, disse Trump ao lado de Newsom, cuja mão apertou várias vezes.
Questionado pelos jornalistas sobre como vão abordar a reconstrução das áreas destruídas, Trump disse olhar para um trabalho “completo”.
“E a maneira de conseguir que se conclua é trabalhando juntos, o governador do estado e nós vamos conseguir que seja concluído. Vão precisar de muita ajuda federal”, acrescentou o republicano de 78 anos.
Newsom, a quem Trump chamou de “idiota” várias vezes, a mais recente nesta quarta-feira, em sua primeira entrevista desde que voltou à Casa Branca, é um dos principais líderes da oposição a Trump.
Após breves palavras aos jornalistas, os políticos, acompanhados da primeira-dama Melania Trump, sobrevoaram as áreas afetadas pelos incêndios florestais.