O cartão de visitas de Sidônio Palmeira

Em duas semanas, ministro da Comunicação Social se reuniu 13 vezes com Lula em menos de 20 dias e já imprimiu seu método de trabalho para tentar reverter aprovação do governo

Ricardo Stuckert/Presidência da República
Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

A pouco menos de 10 dias no cargo oficialmente, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, já mostrou seu cartão de visitas no Palácio do Planalto. Além de mudanças efetivas na comunicação do governo, o novo ministro tem batido ponto na sala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diariamente.

De acordo com a agenda oficial do presidente da República analisada pelo site IstoÉ, foram ao menos 13 encontros entre Lula e Sidônio entre os dias 7 e 23 de janeiro deste ano. O número é o mesmo que o de ministros da tropa de choque do petista, como Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda), que também batem ponto quase que diariamente na sala do presidente da República.

Em pouco mais de 15 dias, Sidônio tem colocado fortemente sua digital na comunicação. Na reunião ministerial realizada no começo da semana, o superministro – como é tratado internamente – fez uma lista das necessidades para alavancar a comunicação do governo.

Uma das ideias é fazer comparações entre a atual gestão e o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar melhorar a aprovação de Lula. Outra ideia é mandar indiretas, ou até diretas, para os principais adversários a absorver o espólio político do bolsonarismo em 2026.

Na mesma semana, essa estratégia entrou em vigor. Durante a assinatura da concessão da BR-381, em Minas Gerais, Lula criticou o governador do estado, Romeu Zema (Novo), após o mineiro criticar o programa de refinanciamento de dívidas com a União. Mas os ataques não pararam no petista, que teve o coro dos ministros Renan Filho (Transportes), Rui Costa, além de Fernando Haddad, que já havia feito críticas a Zema na última semana.

Outra estratégia é colocar Lula em evidência em qualquer programa que será lançado pelo governo federal. A Secom ainda deve manter os investimentos nos tradicionais pronunciamentos em cadeia de TV nacional, mas o foco será maior nas redes sociais.

O petista deve aparecer mais nas próprias contas, além de aparições na conta do governo. A comunicação tende a ser mais jovem e com vídeos virais.

O exemplo dessas publicações foi ao ar na quinta-feira, 23, quando Lula publicou um “viral” do POV abrindo as portas para beneficiários do Minha Casa Minha Vida. Outro fator que mudou é o jogo de câmeras nas gravações de vídeos do petista. A imagem está muito mais próxima, com legendas, para dar a impressão de proximidade com o eleitor.

Não para no Planalto

Sidônio Palmeira não dará pitaco apenas na comunicação de Lula, mas terá liberdade para intervir diretamente nos ministérios. A sucessão de encontros na sala do petista, além das reuniões individuais, conta com conversas com ministros que, na avaliação de Lula, comandam pastas prioritárias e devem ter uma atenção maior da Secom.

Em 15 dias, Sidônio Palmeira já se reuniu com a ministra Nízia Trindade (Saúde) e Camilo Santana (Educação) para estipular as novas diretrizes de comunicação. Lula quer que as duas pastas lancem programas rapidamente para deixar um selo na sua terceira gestão à frente do Planalto. Ambas as pastas ainda estão “devendo”, na avaliação de aliados de Lula, principalmente a Saúde, posto cobiçado pelo Centrão, mas que deve ser mantida intacta, neste primeiro momento, pelo petista.