Jornal dos EUA elogia Fernanda Torres e chama governo Bolsonaro de ‘repressivo’

Crítica especializada continua exaltando qualidades do filme 'Ainda Estou Aqui', de Walter Salles

Reprodução/Los Angeles Times
Eunice (Fernanda Torres) quando é levada pelos agentes da ditadura em 'Ainda Estou Aqui' Foto: Reprodução/Los Angeles Times

O filme “Ainda Estou Aqui” e Fernanda Torres seguem sendo aclamados pela crítica especializada nos Estados Unidos. O jornal “Los Angeles Times”, um dos maiores do país, publicou uma crítica no último sábado, 18, em que classifica a atuação da vencedora do Globo de Ouro 2025 como “magistral”.

“Torres exala a coragem discreta de uma mulher incapaz e sem vontade de se render ao desespero com o passar dos dias e das semanas. Como pode ela, quando precisa criar os filhos e buscar justiça para o marido, que pode ainda estar vivo? Transmitindo uma contenção magistral, Torres faz com que as poucas explosões de Eunice pareçam contidas. Tão distante quanto possível do melodrama, sua atuação é de luto internalizado”, dizia o texto sobre a estrela.

Já sua mãe, Fernanda Montenegro, foi chamada de ‘lenda’. “A vitória de Eunice, testemunhada por Marcelo Paiva e ressuscitada por Torres (e, brevemente, pela lenda brasileira Fernanda Montenegro, mãe de Torres indicada ao Oscar), não se trata apenas de sobrevivência, mas de promover uma família unida na adversidade.”

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Além disso, a publicação ainda citou o governo brasileiro de Jair Bolsonaro (de 2019 a 2023) como uma “presidência repressiva”.

“Atuações desse calibre sutil raramente são celebradas, mas a atitude despretensiosa de Torres provou ser inegável para quem a assiste. O fato de um filme como ‘Ainda Estou Aqui’ emergir do outro lado da presidência repressiva de Jair Bolsonaro e ser abraçado tanto no país quanto no exterior (é o filme de maior bilheteria do Brasil desde a pandemia) é uma prova da mão segura de direção de Salles que trata o assunto delicado com a seriedade que merece, ao mesmo tempo que destaca a humanidade em vez da brutalidade. Há uma elegância impressionante em suas imagens na forma como nos aproximam das pessoas, não dos horrores”, completou o texto.

Por fim, o jornal afirmou que é “Ainda Estou Aqui” é um “retrato sofisticado da resistência”. “Candidato ao Oscar de longa-metragem internacional, ‘Ainda Estou Aqui’ destila brilhantemente um capítulo agonizante do passado recente de uma nação em um retrato sofisticado da resistência comunitária.”