Estreia nesta quinta-feira, 16, em todo o Brasil, o filme “MMA – Meu Melhor Amigo”, protagonizado e idealizado por Marcos Mion, 45 anos. O apresentador do “Caldeirão”, da Globo, conversou com o site IstoÉ Gente em duas ocasiões que antecederam o lançamento do longa dirigido por José Alvarenga Júnior, e refletiu sobre a importância de levar a história para o grande público.
O filme narra a trajetória de Max Machadada, um lutador de MMA, que descobre ter um filho, o pequeno Bruno, interpretado por Guilherme Tavares, quando ele já tem 8 anos de idade.
A criança vive no espectro autista e traz uma nova cara para a rotina do atleta. Entre um desafio e outro, os dois criam uma relação de amizade e companheirismo. Assim como é na vida real de Mion com o seu filho Romeo. O primogênito do apresentador com Suzana Gullo, 48 anos, é autista e, hoje, com 19 anos de idade, é símbolo da comunidade da qual faz parte.
“Esse projeto é um dos mais importantes da minha vida. Eu acredito muito que tudo é no tempo de Deus. Que Deus faz as coisas acontecerem no tempo certo. Eu queria fazer há muito tempo e nunca tinha dado certo, não conseguia. É muito difícil fazer cinema no nosso país, principalmente se você não faz parte do núcleo cinematográfico brasileiro”, afirmou.
“Sinto que é a hora perfeita para eu viver esse personagem pela minha maturidade, pelo meu entendimento, por tudo que aconteceu ao redor da minha vida. E eu não estou falando da minha vida profissional, estou falando da minha vida pessoal também. O quanto o Romeu cresceu e eu pude ter muito mais propriedade para falar sobre autismo, escrever sobre autismo, representar”, explicou.
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Ao ser questionado sobre as críticas que recebe por levantar a bandeira do autismo estando em um lugar de privilégio em comparação às demais famílias de crianças atípicas, o comunicador disse que entende o posicionamento contrário de algumas pessoas, mas reafirmou que acha importante levar esperança para as pessoas.
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“Eu poderia fazer um filme documental sobre as dificuldades que é ser pai de uma criança atípica. Existem projetos muito necessários e importantes que mostram a dureza, a dificuldade, o quão árdua é a vida atípica. Existem e são fundamentais. E quem se identificar e quiser buscar esse tipo de informação, esse tipo de conteúdo, vai achar”, iniciou.
“Mas eu sou um cara que vive no ramo da esperança. É nisso em que acredito. Se eu posso fazer um filme que vai fazer quem está assistindo voltar para casa, olhar para o seu próprio filho e sentir esperança, é isso o que eu vou fazer”, iniciou.
“A vida já é dura o suficiente. Todo mundo já sabe os problemas que tem. Eu poderia, sim, olhar para a realidade e quebrar dentro de mim inúmeros sonhos, inúmeras vontades. Isso acontece muito”, destacou ele, negando que tenha uma vida perfeita e que, por isso, a causa que defende seja menor do que as de outras pessoas.
“Ninguém tem a vida perfeita. Isso é uma bobagem. As pessoas falam assim: ‘Mas o Mion não conta, porque ele tem dinheiro’. Não existe dinheiro no mundo que eu possa investir para, magicamente, tirar o autismo do meu filho. E mesmo se existisse, eu não tiraria, porque é como Deus fez ele. É como ele é perfeito, uma pessoa muito feliz e encantadora”, declarou.
“Eu falo para pais e mães de milhões de crianças que não têm voz, como o meu filho. Eu falo para milhões de pais e mães que precisam dessa dose de esperança, porque o filho deles não vai conseguir ter um emprego, não vai conseguir ter uma vida autônoma. Pode até conseguir, mas vai ser muito difícil. Só vai conseguir se o pai e a mãe tiverem esperança de que ele vai conseguir. E vão se dedicar, vão ter amor, vão ter paciência infinita, vão amar até quando já estiverem cansados de amar”, detalhou.
E finalizou: “Quando você me fala sobre essas críticas, eu entendo, mas eu gostaria de, respeitosamente, falar para essa parte da comunidade autista que o que eu faço não é para eles. O meu foco é para cada mãe que vem chorando me agradecer. É para cada autista que chega para mim e fala: ‘Eu entendi quem eu sou por causa do Romeo e porque você consegue levar informação onde muitas vezes até o próprio governo não consegue’. Não estou falando desse governo, não estou falando do outro governo, estou falando que é uma responsabilidade governamental informar as pessoas. É uma responsabilidade das prefeituras, das subprefeituras levarem informação para as pessoas”, articulou.