Negociadores dizem que acordo entre Israel e Hamas é iminente

Negociadores dizem que acordo entre Israel e Hamas é iminente

"CartazesCessar-fogo prevê que o Hamas liberte 33 reféns, começando com crianças e mulheres, em troca de 1.000 palestinos presos em Israel.Um acordo entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns na Faixa de Gaza é iminente, segundo disseram negociadores nesta quarta-feira (14/01).

O porta-voz do Ministério do Exterior do Catar, Madsched al-Ansari, anunciou nesta terça-feira que um acordo poderia ser alcançado muito em breve. "Chegamos a um ponto em que as principais questões que impediam um acordo foram resolvidas", disse al-Ansari.

De acordo com o jornal Times of Israel, autoridades especulam que um acordo será anunciado até esta quinta-feira, na forma de uma declaração conjunta de Estados Unidos, Catar e Egito, que têm feito a mediação entre Israel e o Hamas.

Mediadores do Catar, do Egito e dos Estados Unidos intensificaram os esforços para finalizar o acordo nos últimos dias. O Catar é um dos mediadores mais importantes nas conversações indiretas entre Israel e o Hamas. Há meses, os países vêm tentando chegar a um acordo na guerra que já dura cerca de 15 meses. As conversações foram retomadas em Doha, capital do Catar, no início de janeiro.

Uma delegação do Movimento Jihad Islâmica também está no Catar para participar nas negociações.

O que está no acordo

Representantes de ambos os lados confirmaram as linhas gerais do acordo: numa primeira etapa, o Hamas libertaria 33 reféns, começando com crianças e mulheres, em troca de 1.000 palestinos presos em Israel, incluindo pessoas que cumprem longas penas de prisão.

De acordo com negociadores israelenses, 95 dos 251 sequestrados ainda estão nas mãos do Hamas, e 34 deles já estariam mortos.

As negociações para uma segunda etapa começariam no 16º dia após a implementação da primeira fase, disse uma autoridade israelense. Essa segunda fase abrangeria a libertação dos prisioneiros restantes, incluindo soldados do sexo masculino e homens em idade militar, e a entrega dos corpos dos reféns mortos, informou o Times of Israel.

De acordo com o jornal israelense, uma das principais questões que ainda não foram finalizadas são os parâmetros exatos da retirada das Forças de Defesa de Israel (FDI) do enclave palestino. Os mediadores aguardam um mapa de Israel detalhando a medida, segundo as autoridades árabes.

A mídia israelense informou que, de acordo com o acordo proposto, Israel manteria uma zona-tampão de até 1 quilômetro dentro de Gaza durante a primeira fase.

O Hamas confirmou nesta quarta-feira que as principais questões para chegar a um acordo foram resolvidas, mas ressaltou que ainda precisa receber de Israel mapas específicos e a data em que suas tropas deixarão completamente o enclave.

"Os israelenses e os americanos querem que aceitemos a ideia geral de 'retirada de áreas povoadas' e estamos pedindo mapas específicos e prazos para essa retirada", confirmou um membro do grupo à agência de notícias Efe.

"Queremos garantias de que, após a fase três, o Exército [israelense] terá se retirado de toda a Faixa de Gaza", acrescentou.

Segundo esse negociador, que falou em condição de anonimato, as discussões estão agora focadas em limitar a presença de soldados a 500 metros de determinados pontos da fronteira durante as três fases do acordo.

Israel, por outro lado, quer permanecer na chamada zona-tampão, uma faixa de terra ampliada na qual todos os edifícios foram demolidos durante a guerra e que se estende por mais de um quilômetro dentro de Gaza.

O grupo islâmico também reconheceu que estão sendo intensamente debatidos detalhes relacionados ao retorno de palestinos deslocados e ao formato do governo palestino após a guerra.

As forças israelenses não se retirariam totalmente de Gaza até que "todos os reféns fossem devolvidos", disse uma autoridade israelense. O jornal israelense Haaretz informou que Israel permitiria o movimento de residentes do sul de Gaza para o norte.

as/bl (AFP, Lusa, Efe)