Venezuela aperta cerco contra opositores antes da posse de Maduro

Venezuela aperta cerco contra opositores antes da posse de Maduro

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado foi presa nesta quinta-feira (09/01) em Caracas após sair de seu esconderijo e liderar um protesto contra o presidente Nicolás Maduro um dia antes de ele tomar posse do terceiro mandato, informaram apoiadores da política. Horas depois, ela foi libertada sem maiores explicações.

O Comando Venezuela, a equipe de campanha do líder opositor Edmundo González Urrutia, denunciou o que chamou de sequestro e posterior libertação de Machado. Em postagem no X, o grupo afirmou que a ex-deputada foi “interceptada e derrubada da motocicleta que pilotava” após liderar uma manifestação na área de Chacao, na capital venezuelana.

“Armas de fogo foram disparadas durante o incidente. Ela foi levada à força. Durante o período de seu sequestro, ela foi forçada a gravar vários vídeos e depois foi liberada”, disseram os apoiadores na mensagem divulgada quase duas horas depois que seu partido denunciou a prisão.

Machado era o nome proposto originalmente pela oposição para disputar as eleições em 28 de julho, mas teve sua candidatura barrada pelo regime. No lugar dela, entrou Edmundo González Urrutia.

Era a primeira vez em meses que ela fazia uma aparição pública. Após meses de dura repressão – com mais de 2 mil prisões – e sob forte presença policial, porém, o público desta vez era menor.

Clima de repressão na Venezuela

A despeito das suspeitas de fraude corroboradas por entidades internacionais e da falta de transparência, a vitória eleitoral de Maduro foi proclamada pelos órgãos oficiais sem que fosse feita a divulgação das atas eleitorais – documentos que, semelhantes aos boletins de urna no Brasil, permitiriam auditar o resultado.

Com base em atas reunidas e divulgadas na internet por conta própria, a oposição alega ter vencido a eleição com 67% dos votos contra 30% de Maduro.

Após insistirem nas acusações de fraude, tanto Urrutia quanto Machado e demais opositores foram ameaçados com a prisão. O regime também reprimiu duramente as manifestações que questionaram a autoproclamada reeleição de Maduro por mais seis anos.

Sob pressão, Machado passou a viver escondida, enquanto Urrutia, que se autoproclamou presidente eleito da Venezuela, chegou a fugir para o exterior, mas anunciou recentemente que voltaria ao país para tomar posse do cargo nesta sexta-feira (10/01) – com a prisão de Machado, porém, não está claro se ele de fato voltará a pisar na Venezuela. Na quarta-feira, Urrutia já havia denunciado a prisão de seu genro.

ra (AFP, AP)