Jornalista italiana que foi presa no Irã diz estar ‘bem e feliz’

ROMA, 9 JAN (ANSA) – Após retornar à Itália depois de permanecer 20 dias presa em uma penitenciária no Irã, a jornalista Cecilia Sala disse nesta quinta-feira (9) que está “confusa”, mas “bem” e “muito feliz”.   

Em declaração ao “Chora Media”, plataforma de podcasts para onde trabalha, a italiana enfatizou que “está bem”, apesar das dificuldades pelas quais passou durante sua detenção na prisão de Evin, em Teerã.   

“Estou confusa e muito feliz, tenho que me acostumar de novo.   

Tenho que descansar, não dormi ontem à noite de excitação e alegria”, afirmou ela, ao ser questionada pelo editor Mario Calabresi sobre seu tempo em confinamento solitário.   

Sala foi entrevistada no podcast intitulado “Meus dias em Evin, entre interrogatórios e isolamento”, um dia após ser libertada e ter retornado à Itália, colocando fim a um caso delicado que ocupou a diplomacia do país europeu ao longo das últimas três semanas.   

Existe a suspeita de que a prisão da jornalista tenha sido uma retaliação pela detenção do iraniano Mohammad Abedini Najafabadi no Aeroporto de Milão-Malpensa em 16 de dezembro, a pedido da Justiça dos Estados Unidos, que o acusa de conspirar para exportar componentes eletrônicos americanos ao Irã e de colaborar em um ataque com drones que matou três militares dos EUA em uma base na Jordânia em janeiro de 2024. Teerã, no entanto, nega os rumores.   

A italiana explicou que as autoridades iranianas não explicaram por qual motivo ela havia sido presa em uma cela de isolamento, apesar de o governo iraniano ter anunciado que Sala havia violado as leis islâmicas.   

Durante a conversa, a repórter contou ainda que chorou de alegria duas vezes durante seu confinamento solitário de três semanas: a primeira quando conseguiu ver o céu e a segunda ao visualizar um passarinho fazendo um som engraçado.   

“O silêncio é o inimigo nessa situação e nessas duas ocasiões eu ri e me senti bem”, lembrou Sala. “Eu me concentrei naquele momento de alegria, chorei de alegria”.   

Por fim, Sala revelou que o Irã era o país para o qual ela mais queria retornar, onde estão as pessoas pelas quais mais teve afeição.   

“Você tenta ter um escudo contra o sofrimento dos outros que você acumula e, às vezes, fontes que você conhece para o trabalho se tornam amigas, pessoas que você quer saber como elas são e o Irã é um desses lugares”, concluiu. (ANSA).