Os advogados criminalistas José Luís Oliveira Lima, conhecido como Juca, e Rodrigo Dall’Acqua, novos defensores do encrencado general Walter Braga Netto, assinaram em maio de 2020 um manifesto de juristas contra uma série de ataques que o então presidente Jair Bolsonaro vinha fazendo ao STF e ao Congresso em meio à pandemia.
À época, ainda no início do que viria a ser a crise sem precedentes causada pela Covid-19, Bolsonaro resistia a medidas que defendessem o isolamento social e participava de atos antidemocráticos contra o Legislativo, o Judiciário e que defendiam uma intervenção militar. Braga Netto, atualmente preso no Rio de Janeiro, era àquela altura ministro da Casa Civil.
Assinado por mais de 600 juristas, o manifesto endossado por Juca e Dall’Acqua dizia que Bolsonaro se valia do mandato presidencial para “arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático”. O texto afirmava que ele atentava contra os Poderes, o Estado de Direito e a saúde dos brasileiros e apontava uma “ação genocida” de Bolsonaro. Mais: os signatários diziam que cobrariam “responsabilidade de todos os que pactuam com essa situação”.
Agora, ironicamente, os experientes criminalistas contratados por Braga Netto terão pela frente a árdua tarefa de defendê-lo no âmbito do inquérito que o aponta como um dos principais articuladores do golpismo no fim do governo Bolsonaro, em maquinações que incluíram até planos para matar um presidente e um vice-presidente democraticamente eleitos e um ministro do STF.