Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

A ansiedade de Eduardo Cunha por mudança no foro privilegiado

Cunha está interessado nos efeitos de julgamento do STF que deve redesenhar foro privilegiado, mas ainda não foi concluído

STF ainda não concluiu o julgamento que deve mudar o alcance do foro privilegiado de parlamentares, mas já há gente interessada nos desdobramentos do virtual novo entendimento da Corte. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, por exemplo.

Em abril, o plenário do STF formou maioria para redesenhar os limites do foro privilegiado ao julgar um habeas corpus do senador Zequinha Marinho. A mudança proposta por Gilmar Mendes em seu voto, seguido por outros cinco ministros, prevê manter o foro privilegiado de deputados e senadores mesmo após deixarem o cargo, em casos que envolvam crimes cometidos durante e em função do mandato.

A análise do habeas corpus de Marinho está suspensa desde 30 de setembro por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques. Ou seja, embora haja maioria, o julgamento ainda não foi concluído. Além de Kassio, restam os votos dos ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Cunha foi denunciado por corrupção pelo Ministério Público Federal em setembro deste ano, acusado de atuar ao lado do lobista Lúcio Funaro para extorquir e cobrar propina da construtora Schahin. Segundo o MPF, Funaro entendia ter R$ 98 milhões a receber da Schahin por uma suposta dívida decorrente do rompimento da barragem de Apertadinho, em Rondônia, em 2008.

Como a construtora se negava a pagar a quantia milionária ao lobista, com quem Cunha mantinha estreita relação, o então deputado teria capitaneado uma ofensiva de requerimentos no Congresso contra a Schahin. Ou seja, a acusação narra um suposto crime cometido durante o mandato e em função da atuação de Eduardo Cunha como deputado.

Em outubro, a 10º Vara Federal Criminal do Distrito Federal aceitou a acusação e tornou Cunha réu no caso.

Embora o julgamento no STF sobre o foro privilegiado não tenha chegado ao fim e, portanto, não tenha efeitos, Cunha está ansioso. Os advogados do ex-presidente da Câmara acionaram o Supremo alegando que o MPF e a Justiça Federal de Brasília tiveram “condutas açodadas” no caso e violaram a posição majoritária já definida na Corte.

A defesa de Cunha quer que o STF anule a denúncia e a decisão que a acolheu, para que a Procuradoria-Geral da República analise o caso e decida se apresenta ou não acusação contra ele. O pedido está nas mãos do ministro Gilmar Mendes.

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