O ano de 2024 registrou um aumento explosivo da violência eleitoral no Brasil, de acordo com um levantamento feito pelas ONGs Justiça Global e Terra de Direitos. Em um ano, os casos que incluem de ofensas a ameaças, agressões, atentados e até assassinatos contra dirigentes partidários, políticos com mandatos ou em disputa eleitoral somaram 574, mais do que a soma do total registrado em 2022, 2020 e 2018, anos também de eleições.
O acompanhamento, feito desde 2016, indica que a violência eleitoral cresceu de forma significativa a partir de 2019. Em 2018, foram contabilizadas 46 ocorrências. Nas eleições seguintes de 2020, foram 214 e, em 2022, 291. Neste ano, pulou para 574 casos, concentrados no primeiro turno da disputa, quando ocorreram 374 incidentes. No segundo turno foram 32 e outros 168 registros se deram fora dos meses de eleição.
De acordo com o levantamento, apesar da concentração em anos de pleito eleitoral, o aumento também é verificado em outros períodos. Foram 136 casos registrados em 2019, 125 em 2021 e 131 em 2023.
Neste ano, os principais casos registrados são de ameaças, com 224 registros e atentados, com 129. O número de assassinatos foi menor do que em 2020. Foram 40 naquele ano e 27 agora. São Paulo com 108, Rio de Janeiro com 69, Bahia com 57 e Minas Gerais com 46 foram os estados com maior incidência da violência eleitoral.
Ambiente parlamentar
Com 38,4% dos casos, a violência contra mulheres cis e transgêneras aparece em destaque no estudo, segundo os pesquisadores, já que proporcionalmente elas são minoria entre os candidatos. E, nesse grupo, as ameaças de estupros somaram 19 casos neste ano.
A violência contra mulheres acontece, muitas vezes, dentro dos ambientes parlamentares, local de atuação profissional ou atividades de campanha. A cada cinco ataques, quatro foram cometidos por homens que também eram parlamentares à época. Os dados levam em conta apenas agentes políticos e não incluem jornalistas, familiares e ativistas.