Em seu primeiro pronunciamento desde que sofreu uma hemorragia cerebral e foi submetido a dois procedimentos cirúrgicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o ex-ministro Walter Braga Netto tenha “direito à presunção de inocência” após ser preso pela Polícia Federal por obstrução à Justiça.

Quero que ele tenha todo o direito à presunção de inocência. O que eu não tive, quero que eles tenham. Agora, se esses caras fizeram isso mesmo, devem ser punidos severamente. Não é possível admitir que, em um país generoso como o Brasil, tenha gente da alta graduação militar tramando a morte do presidente da República, de seu vice e de um juiz que presidia a Suprema Corte eleitoral”, disse o petista.

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Braga Netto foi indiciado pela PF por participar de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, plano que incluía as execuções de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo os policiais, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) estaria atrapalhando a livre produção de provas da investigação, razão pela qual foi detido.

Lula alega defender “o que não teve” em referência à própria prisão pela Polícia Federal, em abril de 2018, por corrupção e lavagem de dinheiro. Em março de 2021, as condenações do petista foram anuladas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo, em decisão que foi referendada pelo plenário da corte. Ele recuperou seus direitos políticos e teve o caminho aberto para disputar e vencer as eleições presidenciais de 2022.

'Quero que tenha direito à presunção de inocência', diz Lula sobre prisão de Braga Netto

Declaração após cirurgias

A fala de Lula sobre Braga Netto foi dada na mesma entrevista em que o mandatário teve anunciada sua alta hospitalar. Nesta semana, ele foi submetido a dois procedimentos cirúrgicos após sofrer uma hemorragia cerebral na segunda-feira, 9, consequente de um acidente doméstico de outubro.

De acordo com o cardiologista Roberto Kalil Filho, o presidente teve boa recuperação cirúrgica, mas não retorna a Brasília e terá de ficar em São Paulo até quinta-feira, 19, para monitoramento. “É uma alta hospitalar, não uma alta médica. Natural que haja exigência de acompanhamento e algumas restrições, mas nada que impeça as atividades do cargo”, disse.

Entre as restrições mencionadas, o chefe do Executivo deverá ficar afastado de atividades físicas e não poderá fazer viagens internacionais até segunda ordem. 

Confesso a vocês que fiquei assustado com a urgência que me pediram para vir para cá. Ao chegar, nem sei quanto tempo a cirurgia durou. Graças a eles [médicos], a Deus, à [primeira-dama] Janja e aos enfermeiros que cuidaram de mim, estou certo de que estou curado, mas preciso me cuidar”, afirmou Lula, que se declarou apto a reassumir os compromissos da Presidência.