Parlamentares do PSOL vão pedir ao governo a extinção dos “Kids Pretos”, batalhão que faz parte do Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército e atua em missões sigilosas e de alto risco. A informação foi reportada pela CNN e confirmada pelo Estadão Conteúdo junto à assessoria da bancada do partido na Câmara.

A iniciativa do pedido é do deputado Chico Alencar (RJ). A ideia é enviar um ofício ao Ministério da Defesa na segunda-feira, 16. A legenda também planeja protocolar um requerimento para obter detalhes sobre as atividades dos batalhões especiais da Força Armada. Os textos estão sendo redigidos neste final de semana.

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A trama sangrenta dos kids pretos

Segundo a Polícia Federal, integrantes do batalhão foram designados para um plano de executar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro de 2022, dando um desfecho violento a uma tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas urnas.

Formados em Forças Especiais, esses militares seriam essenciais na parte mais complexa da ruptura institucional justamente pelo treinamento em operações de contra-inteligência, insurreição e guerrilha. Por obstruir as investigações da PF sobre a trama, o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto foi preso neste sábado, 14.

Integrantes dos Kids Pretos também foram presos no inquérito, casos de Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo.

O que é esse batalhão

“Kids pretos” é um apelido informal atribuído aos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, isso se dá pelo fato de usarem gorros pretos.

A entrada nas Forças de Operações Especiais ocorre de maneira voluntária por militares que realizaram curso de Ações de Comandos e de Forças Especiais. Em seguida, os “kids pretos” passam por formação no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).

Como parte do treinamento, esses militares aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular, que inclui terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência e insurgência.

Além disso, os fardados são preparados para situações que envolvem sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões. Eles podem atuar em todo o território nacional, porém as tropas são empregadas por ordem do Comando do Exército, sob coordenação do Comando de Operações Especiais.

Por meio da página oficial do Comando de Operações Especiais no Facebook, foi publicado um vídeo de comemoração dos 65 anos das operações especiais. “O ideal como motivação. A abnegação como rotina. O perigo como irmão. A morte como companheira”, diz a gravação.