14/12/2024 - 16:01
BUENOS AIRES, 14 DEZ (ANSA) – O setor de turismo foi duramente afetado pelas políticas econômicas do presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, e registra uma queda de mais de 30% no número de visitantes estrangeiros em 2024, enquanto os locais procuram cada vez mais destinos no exterior, sobretudo no Brasil.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (Indec), 414,1 mil turistas internacionais entraram no país em outubro, uma redução de 30,3% na comparação com igual período do ano passado; por outro lado, o número de viajantes argentinos no exterior totalizou 654,1 mil, alta de 24,7%.
De acordo com o Indec, 65,5% dos turistas estrangeiros eram provenientes dos países fronteiriços, como Brasil (23%), Uruguai (17,7%) e Chile (12,8%). No sentido inverso, os principais destinos dos argentinos são Chile (23,4%), Brasil (18,4%) e Europa (13,1%).
Os elevados custos com alojamento, alimentação e compras (em Buenos Aires, artigos de vestuário chegam a ser mais caros do que em algumas cidades europeias, como Madri ou Roma) afastam os estrangeiros de paraísos turísticos da Argentina, como a Patagônia ou as Cataratas do Iguaçu.
Em contrapartida, o Brasil tornou-se um dos destinos mais escolhidos pelos turistas argentinos: em 2024, mais de 1,4 milhão de pessoas cruzaram a fronteira para o gigante sul-americano, tendência que tende a se acentuar durante o verão, com praias no Brasil mais quentes, bonitas e, sobretudo, mais baratas que as argentinas.
Com uma desvalorização do real perto de 20% neste ano, os argentinos veem o Brasil como uma opção economicamente conveniente, cenário inverso ao visto antes da chegada de Milei, quando o peso barato se mostrava atrativo para os brasileiros.
Para efeito de comparação, o número de turistas do Brasil na Argentina caiu 20,3% em outubro, para 95,1 mil, segundo o Indec, enquanto a cifra de viajantes argentinos em solo brasileiro aumentou 31,6% no mesmo período, para 120,5 mil.
O custo de passar o verão em Mar del Plata – típica cidade balneária argentina – pode ser 35% superior a Cancún, no México, ou o dobro do Rio de Janeiro, segundo a Fundação Ecosur, que elaborou o estudo com base nos preços de hospedagens para uma família de quatro pessoas em hotéis três estrelas para janeiro de 2025, além de alimentação e transporte. (ANSA).