14/12/2024 - 14:00
Aliados próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram “pegos de surpresa” com a notícia da prisão do general e ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, neste sábado, 14. O candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022 é investigado pela PF por uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Membros da cúpula bolsonaristas ouvidos pela reportagem do site IstoÉ admitem que não esperavam a prisão de Braga Netto neste momento e vêem um “cerco se fechando” ao redor do ex-presidente. Os aliados de Bolsonaro, no entanto, avaliam que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes faz parte de uma “perseguição à direita”.
“Acho que quanto mais injustiça fizerem, mais a direita se fortalece”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante ao site IstoÉ. Para o parlamentar, a prisão do general foi feita “sem o devido processo legal” e “assusta a todos nós”.
“O mundo todo sabe que não teve nenhum golpe no Brasil e são só narrativas para tentar amordaçar a direita!”, disse o deputado. Até a publicação deste texto, Bolsonaro e os filhos Flávio, Edusardo, Carlos e Jair Renan não haviam comentado publicamente a prisão do ex-ministro da Defesa.
Nas redes sociais, diversos políticos de direita repudiaram a prisão ocorrida neste sábado. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), também general e ex-vice de Bolsonaro, saiu em defesa do colega fardado: “Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública e a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido”.
Já o senador Jorge Seif (PL-SC) diz acreditar que a prisão tem dois objetivos: “pressioná-lo a delatar Bolsonaro de um crime que não existe e desviar a atenção do Lula no Sírio-Libanês. Fim!”
Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou que “a prisão de um general de 4 estrelas é prova irrefutável de que o golpe deu certo, o Brasil é um ditadura”. Capitão Alberto Neto (PL-AM) disse que, “assim como ocorre em ditaduras, o Brasil tem perseguido sua oposição”.
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF), por sua vez, escreveu que “quem está sofrendo um golpe atrás do outro todos os dias é a democracia brasileira”. A decisão de Moraes foi tomada com o apoio do procurador-geral da República, Paulo Gonet, cuja escolha pelo cargo foi elogiado pela própria Kicis.
Para Éder Mauro (PL-PA), “a prisão do general Braga Netto é mais um passo no processo de ‘venezuelização’ do Brasil”. Para Junio Amaral (PL-MG), trata-se de “mais um capítulo da sanha autoritária que toma conta deste país”.
Sanderson (PL-RS) define a prisão de Braga Netto como “um tapa na cara das Forças Armadas do Brasil. Desmoralização total!”. Para o Coronel Chrisóstomo (PL-RO), a reputação das Forças Armadas foi manchada, e que “isso tem que parar. Estão sem limites! O mais alto cargo do Exército brasileiro sendo tratado desta forma!”
Prisão de Braga Netto
Braga Netto foi preso neste sábado, 14, pela Polícia Federal acusado de obstrução de Justiça no âmbito da investigação sobre a trama golpista.
Em nota, a PF informou que foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra investigados que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal.
De acordo com a corporação, a medida “tem como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas”.
O ex-general é alvo da investigação da PF que indiciou também Bolsonaro e mais 35 acusados por golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Entre os indiciados, estão ex-ministros do governo Bolsonaro, ex-comandantes do Exército e da Marinha, militares da ativa e da reserva e ex-assessores do ex-presidente.
A investigação aponta Braga Netto como chefe do grupo que planejou a intervenção militar. Ele teria aprovado e financiado um plano para matar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A investigação da PF também aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou de “forma direta e efetiva” no planejamento de um golpe de Estado em 2022.
O documento foi encaminhado ao STF e teve seu sigilo derrubado por Alexandre de Moraes.
O relatório foi enviado para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão responsável por avaliar as provas e decidir se denuncia ou não os investigados.
* Com informações da DW e do Estadão Conteúdo