12/12/2024 - 16:08
O coronel da reserva Reginaldo Vieira de Abreu, indiciado nesta quarta-feira, 11, no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de estado, fotografou o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no Aeroporto de Lisboa, em Portugal, em novembro de 2022, ocasião em que ambos viajaram para Brasília (DF) no mesmo avião.
Na reserva do Exército, Reginaldo Vieira de Abreu recebe R$ 28,3 por mês e foi chefe de gabinete do general Mário Fernandes, apontado como autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que visava matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.
+ Coronel pegou avião com Gilmar Mendes, fotografou ministro e enviou registro a Mário Fernandes
+ PF indicia mais três investigados no inquérito do golpe de Estado
De acordo com as investigações da PF (Polícia Federal), Reginaldo Vieira de Abreu aparece em áudios coletados pelas autoridades dizendo: “Quatro linhas é o c*. Quatro linhas da constituição é o c*. Nós estamos em guerra”.
Reginaldo ingressou no Exército em 1990 e virou aspirante-a-oficial da arma da Infantaria três anos depois. Em 2001, o militar fez curso na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e na Escola de Comando e Estado Maior do Exército em 2009. O coronel da reserva foi instrutor da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
Reginaldo comandou por dois anos o 6º Batalhão de Infantaria da Selva, de Guajará-Mirim (RO) – cidade localizada a cerca de 330 quilômetros da capital, Porto Velho (RO). O militar deixou o cargo em 2015 e seguiu para Brasília. Na capital, o coronel da reserva atuou na subchefia de operações do Ministério da Defesa.
Em agosto de 2021, Reginaldo começou a trabalhar com a presidência da República, no cargo de direção e assessoramento. Com a posse de Lula no primeiro dia do ano de 2023, o militar deixou sua posição.
De acordo com o relatório da PF, Reginaldo Vieira de Abreu teria sido o responsável por imprimir um documento com a minuta de estabelecimento do “Gabinete Institucional de Gestão da Crise” no Palácio do Planalto. Durante depoimento às autoridades, o coronel da reserva ficou em silêncio.
Fotografia de Gilmar Mendes
O registro de Gilmar Mendes foi enviado por WhatsApp ao general Mário Fernandes. A informação consta no relatório complementar da investigação sobre o plano de golpe, enviado pela Polícia Federal ao STF.
A PF afirma que o coronel prestou “auxílio aos atos operacionais da organização criminosa”.
“Importante contextualizar que a foto foi enviada no mês de novembro de 2022, no período em que os investigados tinham elaborado a primeira versão da minuta de golpe de Estado que previa, dentre outras medidas de exceção, a prisão do ministro Gilmar Mendes, conforme depoimento prestado pelo colaborador Mauro César Cid”, destaca a Polícia Federal.
Em novembro, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas na investigação. Nesta quarta, três novos nomes foram implicados pela PF no plano de golpe. Além de Reginaldo Vieira de Abreu, os investigadores acusam o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo e o tenente Aparecido Andrade Portela. Ambos negam irregularidades.
*Com informações do Estadão