A Polícia Civil de São Paulo prendeu dez integrantes da Mancha Verde, principal torcida organizada do Palmeiras, na manhã desta terça-feira, 3, acusados de envolvimento no ataque aos ônibus da Máfia Azul, do Cruzeiro, em Mairiporã (SP), em 27 de outubro.

As autoridades cumprem 13 mandados de prisão e 23 de busca e apreensão nas cidades de Bragança Paulista (SP), Carapicuíba (SP), Franco da Rocha (SP), Osasco (SP), Santana de Parnaíba (SP) e São Paulo (SP). Dois suspeitos já haviam sido presos pelas forças de segurança na semana passada.

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Entre os foragidos estão o presidente da organizada, Jorge Luís Sampaio, e o vice-presidente, Felipe Mattos. Um dos suspeitos que era alvo de um pedido de prisão teve a determinação revogada após a Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva) reconhecer que errou em pedir que Henrique Moreira Lelis, que estava a 400 quilômetros de onde o crime aconteceu, fosse detido.

Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam nesta quarta-feira, 4, no Mineirão, em Belo Horizonte (MG), pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) enviou um ofício aos clubes determinando que o jogo seja disputado com portões fechados.

O governo de Minas Gerais recorreu à Justiça comum, solicitando que a partida seja realizada somente com cruzeirenses na arquibancada. As diretorias dos dois times se posicionaram contra a decisão da CBF.

Relembre o caso

A emboscada aconteceu na madrugada do dia 27 de outubro, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, no sentido de Belo Horizonte. O ataque terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos. Ele integrava um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas (MG). Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, em estado gravíssimo em decorrência de ferimentos de queimaduras e não resistiu. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), que atendeu a ocorrência no dia, foi ateado fogo em um dos ônibus dos cruzeirenses.

O caso é entendido como uma “cobrança” dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, também na Fernão Dias. Na época, Jorge Luís Sampaio Santos teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.

Proibição da Mancha Verde

Após a morte do torcedor do Cruzeiro, a FPF (Federação Paulista de Futebol) decidiu proibir a entrada da Mancha Alvi Verde, principal torcida organizada do Palmeiras, em jogos realizados nos estádios e arenas do estado de São Paulo.

A proibição da entrada da torcida nos estádios paulistas havia sido recomendada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, que abriu investigação sobre o caso. Para o MP, o ocorrido demonstrou que as torcidas organizadas agem como “facções criminosas”.

“O enfrentamento de grupos formados por pretensos torcedores da Sociedade Esportiva Palmeiras e do Cruzeiro Esporte Clube resultou, infelizmente, em um saldo trágico, deixando diversos feridos e um morto. Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade”, escreveu o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.

Além disso, o Ministério Público de Minas Gerais também encaminhou uma recomendação à FMF (Federação Mineira de Futebol) e à CBF para que a Mancha Alvi Verde seja banida temporariamente dos estádios brasileiros por um período de dois anos.

No documento, o promotor de Justiça da 14ª Promotoria de Defesa do Consumidor do Procon-MG, Fernando Abreu, pede que a medida cautelar seja adotada em âmbito nacional, já que, segundo o promotor, o risco não se restringe a Minas Gerais.

A medida recomenda que seja proibido o uso, porte e exibição de qualquer vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou qualquer objeto que possa caracterizar a presença da torcida nos estádios e no entorno em dias de jogo.

A Mancha Alvi Verde ainda não se manifestou sobre a operação, mas tem negado participação no ocorrido.

“Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nossa consternação aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência. Queremos, desde já, deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45 mil associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de paz que promovemos e defendemos”, diz a nota.

*Com informações da Agência Brasil e do Estadão