28/11/2024 - 14:50
SÃO PAULO, 28 NOV (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Um retrato íntimo, com foco em parcerias musicais memoráveis e momentos de sua vida e obra, marcado por uma ponte área entre Brasil e Itália. Este é o fio condutor do documentário “Toquinho: Encontros e um Violão”, que celebra o cantor e compositor ítalo-brasileiro Antonio Pecci, conhecido artisticamente apenas como Toquinho.
Dirigida por Erica Bernardini, a produção foi escolhida pela Embaixada da Itália para celebrar os 150 anos da imigração italiana no Brasil e integra a 19ª edição do Festival de Cinema Italiano, que acontece gratuitamente até o próximo dia 8 de dezembro.
“Me sinto lisonjeado por ter sido convidado para colocar minha vida, pelo menos parte dela, exposta para as pessoas e de uma forma muito carinhosa e natural”, disse Toquinho em entrevista exclusiva à ANSA durante a exibição do documentário no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.
Com imagens raras de shows, entrevistas, vídeos na Itália e depoimentos de amigos, o filme revive momentos marcantes da carreira do artista e explora sua ligação pessoal e profissional com o país europeu, além de enfatizar a importância de sua trajetória para a música popular brasileira, marcada por parcerias com grandes nomes como Vinicius de Moraes, Chico Buarque e a italiana Ornella Vanoni.
Na década de 1960, durante a ditadura militar, Toquinho foi para Roma para se unir a Chico Buarque, que havia fugido da repressão no Brasil, e chegou a participar da gravação de um disco em homenagem a Vinicius de Moraes.
“Eu amo a Itália há muito tempo. No meu primeiro contato no país eu já vinha com resquícios da minha família. Meus quatro avôs eram italianos, então eu tenho a Itália comigo desde os hábitos de comer, em casa, na família”, contou ele, destacando seu “elo contínuo” com o Belpaese.
Toquinho, que já visitou a Itália mais de 50 vezes, enfatizou que o país mora em seu coração, da mesma forma que ele mora no coração de muitos italianos. “Isso é muito bom, esse boomerang amoroso no qual você solta tua arte, tua música, tuas intenções de vida, e tudo volta para você através do aconchego e acolhida das pessoas”, afirmou.
Reconhecido nacional e internacionalmente, Toquinho se disse até um pouco “constrangido” por ver sua história em um documentário. “Me sinto pequeno como ser humano. Eu fiz essas canções? Fiz tudo isso? Sim, mas elas ficaram muito maiores do que eu”, destacou o artista, ressaltando que prefere ficar “à distância” de si mesmo e não colocar uma “lente de aumento” em tudo que já conquistou.
Durante o evento no MIS, o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Domenico Fornara, exaltou Toquinho como “um maestro” e “uma pessoa que contribui enormemente com a cultura mundial”.
“Provavelmente, a música é a forma de arte mais conhecida do mundo. Então posso dizer que Toquinho é um dos maiores contribuidores desta amizade cultural entre a Itália e o Brasil”, concluiu o diplomata. (ANSA).