As principais universidades dos Estados Unidos têm alertado os seus estudantes sobre o risco de deportação derivado da posse do novo presidente eleito, Donald Trump. Instituições como o MIT e Yale orientaram os alunos para que voltassem das férias de inverno antes da posse do republicano – marcada para 20 de janeiro de 2025.

Parte essencial da campanha que elegeu Trump foi o discurso sobre a imigração. Em diversos momentos, o republicano alegou que faria o maior projeto de deportação em massa já visto na História. Ele chegou a sugerir, inclusive, que usaria recursos militares para deportar imigrantes ilegais, quem ele acusa de “envenenar o sangue” americano.

O plano busca promover maior fortificação e rigidez na fronteira do país, especialmente com a nomeação de Tom Homan, conhecido como “czar da fronteira” para compor o novo governo. Homan faz parte da linha-dura republicana e prometeu cortar o financiamento federal dos estados que não cooperarem com as novas políticas de deportação de Trump – essas cidades, identificadas como “santuários”, costumam garantir mais direitos para imigrantes sem documentação.

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Os universitários estrangeiros dos EUA estão preocupados com os riscos das novas medidas previstas para 2025. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade Wesleyan mandaram avisos aos estudantes, solicitando retorno ao país antes da posse de Donald Trump. Grande parte dos alunos originários de outros países costumam voltar para suas respectivas casas no recesso de final de ano, a fim de aproveitar as férias de inverno (no Brasil, férias de verão).

Na Universidade de Yale, o Escritório de Estudantes Internacionais e Acadêmicos articulou um seminário online a fim de debater as preocupações derivadas das medidas de imigração do novo presidente.

Já a universidade de Massachusetts relembrou, em novembro, o histórico de Donald Trump, alertando os alunos sobre precauções necessárias.

“Com base na experiência anterior com proibições de viagem que foram promulgadas no primeiro governo Trump em 2016, o Escritório de Assuntos Globais está fazendo essa recomendação por excesso de cautela”, disse a faculdade sobre a volta dos universitários estrangeiros para o campus antes da posse.

No primeiro mandato, o republicano promoveu o “Muslim Ban”, que proibiu cidadãos de países islâmicos de entrar e conseguir visto nos EUA, além de impor limitações para que estudantes adquirissem documentação.

Atualmente, os EUA contam com ao menos 11 milhões de imigrantes em situação irregular. A inquietação manifestada pelas instituições de ensino também abrange as pessoas incluídas no programa de Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca) – que protege os estrangeiros chegados ao país sem documentos ainda na infância. A política foi criada no governo de Barack Obama e salvou milhares de imigrantes ilegais da deportação.

Os estudantes mais receosos com as novas medidas são de origem asiática – em especial chineses. Chloe East, professora da Universidade do Colorado em Denver, disse à “BBC” que o cenário geral é de preocupação.

“Muitos estudantes estão preocupados com seus vistos e se terão permissão para continuar seus estudos”, alegou.