A Marinha do Brasil negou informações contidas em mensagens obtidas pela Polícia Federal que revelam que o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, teria aderido à trama golpista e afirmado que havia “tanques no Arsenal prontos”.

Por meio de nota enviada ao site IstoÉ, a Marinha disse que “em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito”. Ainda destacou que “a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais”.

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A Marinha também disse que “encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fazem em ordem para o esclarecimento integral dos factos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça”.

Segundo o contato identificado como “Riva” no relatório da PF – ao qual o site IstoÉ teve acesso –, o almirante Almir Garnier era considerado um aliado estratégico e descrito como “Patriota”. Sobre a resposta da declaração a respeito dos tanques prontos, o interlocutor sugere que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), referido como “01”, deveria ter tomado uma atitude mais segura com a Marinha, ressaltando que, se isso tivesse ocorrido, o “Exército e a Aeronáutica iriam atrás”.

A conversa foi encaminhada ao tenente Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pelo o tenente–coronel da reserva Sergio Cavaliere. Para a corporação, “as mensagens encaminhadas pelo contato Riva ainda confirmam a adesão do Almirante Almir Garnier ao intento golpista”.

A investigação sobre a trama golpista ainda aponta que Garnier teria compactuado com uma proposta para reverter o resultado do pleito de 2022. Porém o plano não deu certo porque os comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, não concordaram.

Quando prestou depoimento à PF, em março, o almirante optou por ficar em silêncio.