No século passado, diversas mulheres judias fugiram de seus países de origem rumo à América visando uma oportunidade de iniciar uma nova vida, mas o destino delas era pior do que elas poderiam imaginar. Esse acontecimento real inspirou o filme “As Polacas”, longa brasileiro que conta a história de Rebeca (Valentina Herszage), uma polonesa que foge para o Brasil em 1917 e acaba refém de uma rede de prostituição e tráfico de mulheres.

Com estreia marcada para 12 de dezembro, “As Polacas” é um retrato verdadeiro de muitas imigrantes que fugiram do período entre guerras na Europa. Atraídas por propostas de casamentos ou fim da miséria, mulheres com a mentalidade fragilizada confiavam em homens, que mais tarde descobriram ser cafetões, e vinham trabalhar em “lojas” para limpeza ou administração, mas na verdade se viam presas em bordéis e obrigadas a vender seu corpo em troca de uma mísera quantidade de dinheiro, como o caso da Rebeca do filme.

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Após descobrir que seu marido está morto, a protagonista do filme se vê sem alternativas para conseguir sustentar o filho a não ser confiar em Tzvi (Caco Ciocler), um judeu que prometeu um trabalho bom o suficiente para uma jovem inexperiente. Chegando ao local do “estabelecimento”, a polonesa descobre que era tudo uma trama para a sua prostituição, e pior, além dela, diversas outras mulheres, uma delas gravida, também estavam na mesma situação.

A trama parte daí. Enquanto bastante inocente por achar que poderá retardar o inevitável, ser forçada a deitar com algum homem, Rebeca não é nada frágil. Durante os diversos momentos de tensão do filme, a protagonista dificilmente demonstra tristeza, e sim uma raiva e indignação que aos poucos vai conquistando todas as outras moradoras que antes estavam conformadas com seus destinos nas mãos de Tzvi.

Fraternidade

A amizade entre Rebeca e Débora (Dora Freind) é um dos laços mais importantes do longa. Anteriormente cética com a personalidade da recém chegada, a prostituta é logo cativada pela protagonista, e fará de tudo para que ela possa fugir do local e se reunir com seu filho, mesmo que isso signifique ser torturada pela cafetão do local.

Mas além disso, foi a forte união entre todas as mulheres da casa que possibilitou a criação de um local em que quando mortas, pudessem ser enterradas com dignidade. O fato também é que até os dias atuais, a prostituição é condenada dentro do Judaísmo, o que muitas vezes impossibilita o enterro de pessoas nessa situação em cemitérios judaicos. Para “resolver” isso, muitas sociedades que foram se formando dentro de prostíbulos, como a Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, fundaram cemitérios próprios com o objetivo de autoproteção e fugir dos preconceitos alheios, como retratado no filme.

Valentina Herszage, que viveu a personagem Vera Paiva no filme “Ainda Estou Aqui”, mergulha nos sentimentos dessas mulheres e interpreta uma Rebeca com várias camadas. Além disso, juntamente de Dora Freind, já recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Punta del Leste.

Confira o trailer

Ficha Técnica

Direção: João Jardim

Produção: Iafa Britz

Roteiro: Jacqueline Vargas e Flavio Araújo

Roteiro Final: George Moura

Produção Executiva: Angelo Gastal e Marcelo Guerra

Direção de Fotografia: Louise Botkay, DAFB

Direção de Arte: Camila Moussallem

Figurino: Mariana Sued

Maquiagem: Rose Verçosa

Produção de Elenco: Ciça Castello

Som Direto: Guilherme Algarves

Montagem: Marilia Moraes, edt. e Fernanda Rondon

Coord. de Pós-Produção e Finalização: Rafael Mattos

Produção: Migdal Filmes

Coprodução: Globo Filmes e RioFilme

Produtor Associado: Guel Arraes

Distribuição: Imagem Filmes

Elenco

Valentina Herszage

Caco Ciocler

Dora Freind

Amaurih Oliveira

Otavio Muller

Clarice Niskier

Anna Kutner

Erom Cordeiro

Bruce Gomlevsky

Isis Pessino

 

*Estagiária sobre supervisão