O volume de investimentos das pessoas físicas apresentou crescimento de 11,5% em setembro deste ano quando comparado ao de dezembro do ano passado, somando R$ 7,22 trilhões, informou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os valores são referentes a aplicações de clientes do varejo, tradicional e alta renda, e do private, segmento no qual o investidor tem mais de R$ 5 milhões aplicado.

Do volume total, o investidor de varejo tradicional apresentou alta de 11,9% no total investido, encerrando setembro em R$ 2,389 trilhões, enquanto o investidor de varejo de alta renda obteve crescimento de 12,9%, alcançando R$ 2,513 trilhões. Já o private avançou 9,6% no mesmo período, para um total de R$ 2,31 trilhões.

Renda Fixa

Acompanhando a volta do ciclo de alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), os produtos de renda fixa são os mais procurados pelos investidores. Segundo a Anbima, apresentaram um crescimento de 13,8%, chegando a um volume financeiro de R$ 4,16 trilhões em setembro ante R$ 3,65 trilhões registrados no final de 2023.

“Com a alta da Selic e maior aversão a risco, houve um aumento de recursos alocados em produtos de renda fixa. É natural que o investidor tente compor sua carteira buscando mais estabilidade”, disse, em nota, Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.

Segundo a Anbima, os investimentos em produtos híbridos, que incluem fundos multimercados, cambiais, imobiliários, ETFs (Exchange Traded Funds ou fundos de índice) e Certificados de Operações Estruturadas (COEs), avançaram 2,8%. Passaram de R$ 790,1 bilhões no fim de dezembro do ano passado para R$ 812,3 bilhões no fim de setembro de 2024.

Já a renda variável apresentou elevação de 5,3% nos investimentos na mesma base de comparação, chegando a R$ 1,03 trilhão, enquanto a previdência subiu 15,2% para R$ 1,20 trilhão.

Fidcs e fundos de renda fixa

Passada a implementação da Resolução CVM 175, que abre os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs) para que investidores do varejo possam aplicar seus recursos, o investimento nesses produtos subiram 52%, totalizando R$ 14,4 bilhões ao final de setembro deste ano.

“Embora o volume dos FIDCs ainda seja pouco representativo na carteira dos brasileiros, a decisão da CVM Comissão de Valores Mobiliários abriu mais uma via de diversificação para o pequeno investidor e estimulou gestores a estruturem novos produto pensando nesse público”, afirma o executivo da Anbima.

No caso dos fundos de renda fixa, o crescimento nas aplicações cresceu 32,6% de dezembro de 2023 para setembro de 2024, somando R$ 766,95 bilhões. Os fundos imobiliários apresentaram alta de 18,1%, totalizando R$ 109,20 bilhões. Os ETFs avançaram 42,9%, somando R$ 10,68 bilhões.

Títulos isentos

Os produtos com benefício fiscal também foram destaque, de acordo com a Anbima. Os investimentos em títulos isentos teve aumento de 10,3% de dezembro de 2023 a setembro de 2024, alcançando um montante de R$ 1,18 trilhão.

Correa Júnior diz que as mudanças nas regras colocadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em fevereiro deste ano, limitando as emissões e ampliando os prazos de carência de Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliários (CRAs e CRIs) e das Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCAs e LCIs), trouxeram uma expectativa sobre como seria o comportamento dos produtos.

“O que nós vimos foi um crescimento, em muitos casos de dois dígitos, na procura por esses títulos em função da Selic em alta e da busca por rentabilidade e segurança, mesmo que com liquidez menor”, destacou.

Com isso, os CRIs apresentaram crescimento de 32,5%, alcançando R$ 83,02 bilhões, seguidos pelos CRAs, com alta de 23,7% e totalizando R$ 115,08 bilhões. Já no caso das LCIs e LCAs, os avanços foram menores, de 5,7% e 7,7%, respectivamente, com montante de R$ 339,35 bilhões e R$ 450,59 bilhões, na mesma ordem.

Ainda dentro dos produtos com benefício fiscal, as debêntures incentivadas cresceram 17%, para R$ 77,27 bilhões. Fora do ambiente de benefício fiscal, as debêntures tradicionais somaram R$ 44,62 bilhões, alta de 26,7%.