Sem se apresentar no Brasil desde o Lollapalooza 2019, Lenny Kravitz encerrou seu jejum de terras tupiniquins no sábado, 23 de novembro, mostrando que envelheceu como vinho — e isso vale para sua disposição, voz, banda e singles. Com a energia lá em cima, o cantor performou os sucessos mais importantes da carreira pela primeira vez no Brasil após seu aniversário de 60 anos.

A apresentação não teve surpresas: dos óculos escuros à setlist, Kravitz dispensou a imprevisibilidade e preferiu se dedicar a animar um Allianz Parque pouco lotado. A noite começou com “Bring it On” e “Minister of Rock and Roll”, seguidas da nova “TK421”. Em breves palavras, o artista se limitou a agradecer aos presentes e demonstrar seu amor pelo país, chegando a mencionar a fazenda que comprou no Rio de Janeiro.

A segunda metade do show foi marcada por sucessos como “Stillness of Heart” — que emocionou a plateia e contou com bons minutos de troca entre Kravitz e quem estava na grade da pista premium —, “Believe”, a recém-lançada “Human” e a também mais nova, de 2018, “Low”.

Após dar à plateia a oportunidade de descansar a voz em uma performance contemplativa de “Fear”, de 1989, o anfitrião retomou a vitalidade com uma sequência espetacular das amadas “It Ain’t Over ‘Til It’s Over”, “Always On The Run”, “American Woman”, “Fly Away” e “Are You Gonna Go My Way”. O encore foi uma performance de uns bons 15 minutos de “Let Love Rule”, música marcada por mais abraços do cantor em quem estava no gargarejo do palco.

‘Climão’ em abertura

Criando seu próprio mini festival de rock, soul e R&B, Kravitz recebeu os brasileiros Liniker e Frejat e a britânica Lianne La Havas como shows de abertura. A primeira, cantando para um estádio ainda vazio os principais sucessos de seu álbum mais recente, “Caju”, e agradecendo ao anfitrião pela oportunidade de se apresentar no Allianz pela primeira vez. A segunda, entregando sucessos sensuais como “Paper Thin” e “Can’t Fight”.

O destaque ficou por conta de Frejat: apesar do show de abertura cheio de vigor, o cantor e sua banda protagonizaram uma cena impactante ao terem tido o som cortado durante a música “Pro Dia Nascer Feliz”, antes de se despedirem, devido a um atraso no encerramento. Apesar disso, o público se compadeceu da situação e ovacionou o roqueiro, que deixou o palco visivelmente transtornado pela falta de tato da produção.