O estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto por um policial militar durante uma abordagem em um hotel na Vila Mariana, zona sul da capital paulista, na madrugada da quarta-feira, 20. Em depoimento, a mulher que estava com o jovem disse que ele havia consumido bebida alcoólica e ambos discutiram antes das autoridades chegarem ao local.

Em entrevista à “TV Globo”, a mulher de 21 anos declarou que não quer ser identificada por ter medo de sofrer retaliações. A jovem afirmou que é uma garota de programa e conhecia Acosta há dois anos, período em que os dois tiveram um relacionamento amoroso.

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Imagens de câmeras de segurança do hotel em que Acosta foi baleado mostram o momento em que o estudante entra correndo no estabelecimento e, após resistir a abordagem, um PM efetua um disparo contra o jovem, que está sem camisa e desarmado. Os agentes envolvidos na ação foram indiciados.

Em depoimento, a mulher explicou que não deixou de cobrar o estudante pelos encontros que tinham apesar de ter uma relação com ele, o que fez Acosta acumular uma dívida de R$ 20 mil. Ainda, a jovem alegou às autoridades que a família da vítima não aceitava o relacionamento.

Conforme o relato da mulher, os dois teriam se encontrado por acaso em um bar na noite da terça-feira, 19, e se cumprimentaram, mas ficaram distantes um do outro. Horas depois, o estudante entrou em contato com a jovem dizendo que queria “ficar com ela novamente”.

A mulher contou que decidiu se encontrar com Acosta para cobrar o dinheiro que ele devia, mas não tinha a intenção de ter relações sexuais. No hotel, onde os dois costumavam se ver, o estudante teria dado a ela uma quantia de R$ 250 e, ao ser questionado sobre o restante, começou a discutir com a jovem, que tentou sair do quarto.

De acordo com o depoimento, a mulher teria sido agredida na cabeça por Acosta enquanto tentava deixar o local e um recepcionista do hotel chamou as autoridades depois de ouvir a discussão. O estudante de medicina supostamente seguiu a jovem e foi até a rua. Na sequência, um policial entrou no estabelecimento questionando a vítima por ter batido na viatura.

A jovem relatou que não viu a confusão entre o estudante e os policiais, mas que ouviu a discussão e o disparo da arma de fogo. A mulher disse que acompanhou Acosta até o hospital e, no local, supostamente foi hostilizada pelos familiares da vítima.

O que diz a SSP-SP

Na versão divulgada pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), o jovem teria golpeado uma viatura e tentado fugir em seguida.

Ainda segundo o órgão, ele teria investido contra os policiais ao ser abordado e foi ferido por um disparo. O rapaz foi levado ao Hospital Ipiranga, mas morreu na manhã da quarta-feira.

A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia, e as polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte. “Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e ficarão afastados até a conclusão das investigações”, afirma a pasta.

De acordo com a SSP, as imagens registradas pelas câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

*Com informações do Estadão