Um dos coadjuvantes mais conhecidos da recente história política está de volta. O mensageiro do termo de posse do quase ministro Luiz Inácio Lula da Silva, Jorge Rodrigo Araújo Messias, foi nomeado representante do governo federal em empresas estatais. Personagem que ficou conhecido como “Bessias”, ele trabalha na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e, a pedido da pasta, agiu recentemente para impedir que a Casa da Moeda adequasse o estatuto à nova Lei das Estatais.
O advogado ficou famoso por acaso em 16 de março do ano passado. Em meio ao avanço da Lava Jato, que chegava mais perto de Lula, Dilma ligou para o ex-presidente e informou que mandaria um termo de posse para nomeá-lo como ministro da Casa Civil. O papel, sugeriu, deveria ser usado “em caso de necessidade”. Horas depois, a conversa foi divulgada pelo juiz Sérgio Moro em um episódio polêmico e que gerou forte reação popular. Messias surge no episódio graças à gripe de Dilma. Com a congestão nasal da presidente, “Bessias” era o responsável por levar o documento.
Um ano depois, já sob a presidência de Temer, Messias voltou ao governo federal. Uma portaria assinada em 8 de março de 2016 pelo procurador-geral da Fazenda, Fabrício Da Soller, nomeou o ex-subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil de Dilma como novo representante da União em empresas com capital do Tesouro Nacional.
Outros sete nomes foram nomeados junto com Messias – que é procurador da Fazenda. Entre as obrigações do grupo, está “a instrução de voto do Ministro de Estado da Fazenda representar a União nas assembleias gerais de acionistas”.
Novas atribuições. Além da Casa da Moeda, Messias – agora apelidado de “Bê” entre os mais próximos – também representa o governo na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Embrapa, Telebrás, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), entre outros lugares, segundo o Tesouro.
Pouco mais de um mês depois da nomeação, coube a “Bessias” representar o governo federal em uma assembleia geral extraordinária da Casa da Moeda. Em um prédio envidraçado em Brasília, o procurador, a pedido do governo, solicitou a retirada do item 2 da pauta. O trecho obrigaria a adequação da empresa à Lei das Estatais.
A sugestão de Messias foi acatada e a estatal fica temporariamente livre das regras mais rígidas para nomeações e licitações. A ata da reunião foi publicada ontem, no Diário Oficial da União. A manobra adiou a migração da Casa da Moeda às novas regras que, segundo o Planejamento, “impõem a nítida segregação de funções nas estatais”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.