Brasília reviveu nesta quarta-feira a tensão e o clima de terror do 8 de janeiro de 2023. Após explosões no coração dos três poderes da República, as forças de segurança da cidade entraram em estado de alerta.

Já era início da noite quando bombas estouraram perto da sede do STF e no porta-malas de um carro no estacionamento de um dos anexos da Câmara dos Deputados. Uma pessoa morreu.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram retirados às pressas do prédio da corte. Pouco antes, eles estavam em sessão plenária.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia deixado o Palácio do Planalto, de onde foi possível ouvir o estrondo das explosões.

À noite, já no Palácio da Alvorada, ele passou a acompanhar de perto os desdobramentos do episódio, recebendo informações da própria segurança da Presidência, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Para tratar do assunto, ele se reuniu com ministros do STF e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

Homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República iniciaram imediatamente uma varredura no Planalto, para checar a possível existência de outras bombas nas imediações. Tropas do Exército foram colocadas de prontidão.

As autoridades acionaram o chamado Plano Escudo, o sistema de emergência preparado para ser acionado em situações de risco à sede da Presidência – é o plano que, no 8 de janeiro, falhou por completo.

A mesma providência foi adotada no Alvorada, outra área de segurança da capital, e em outros prédios públicos.

Havia parlamentares no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados e no Senado, sessões estavam em andamento e tiveram que ser suspensas. Deputados e senadores ficaram retidos no prédio até depois das 21 horas.

Nas primeiras horas após as explosões, a suspeita principal já era a de que o homem que morreu era justamente o portador dos explosivos. O corpo, estirado em plena Praça dos Três Poderes, bem perto da estátua da Justiça, tinha lacerações na cabeça e na mão.

Até por volta das 20h30 não havia a confirmação da ligação dele com o carro que explodiu no estacionamento de Anexo 4 da Câmara. Policiais averiguavam, porém, informações de que ele poderia ter deixado as bombas no carro, premeditado a explosão, e seguido para a frente do STF com outros explosivos.

O caso levantou questionamentos sobre os cuidados com a segurança na Praça dos Três Poderes, que teoricamente haviam sido ampliados a partir dos atentados às sedes dos três poderes no fatídico 8 de janeiro.

A primeira alta autoridade a se pronunciar foi o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que tratou o episódio como um ataque ao STF e ao Congresso e falou em reestabelecer a paz e a segurança.

“Repudio com toda a veemência os ataques contra o STF e a Câmara dos Deputados. Manifesto minha solidariedade aos ministros e parlamentares. A Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da Praça dos três Poderes. Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como reestabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível”, escreveu nas redes sociais.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, lamentou a morte de uma pessoa e relacionou as explosões ao 8 de janeiro.

Pouco após as 21 horas, autoridades informaram extraoficialmente que o homem morto é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morador de Rio do Sul, em Santa Catarina. O carro que explodiu tem placa de Palhoça, outra cidade catarinense.

Francisco Wanderley é filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e foi candidato a vereador nas últimas eleições no município onde morava. Um perfil nas redes sociais com o mesmo nome que ele usou na campanha, “Tiü França”, fez ameaças e sinalizou para o que seria um “grande acontecimento”.

“Após este grande acontecimento vocês poderão comemorar a verdadeira Proclamação da República!!! Em espírito estarei na linha de frente com a minha espada erguida. Deus nos abençoe”, diz a mensagem.

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