O presidente eleito Donald Trump deve nomear o senador Marco Rubio, da Flórida, como secretário de Estado, afirmaram fontes da “Reuters” na segunda-feira, 11. O político, que integra o Partido Republicano, pode ser o primeiro latino a ocupar o cargo de principal diplomata dos Estados Unidos.

Marco Rubio, de 53 anos, atua como senador dos EUA desde 2011. O político possui opiniões agressivas quanto aos inimigos geopolíticos dos EUA, como a China, Irã e Cuba, e já questionou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de demonstrar apoio a Jair Bolsonaro (PL).

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Após a suspensão do X (antigo Twitter) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Rubio emitiu uma declaração pedindo para que o País retificasse sua “medida autoritária”.

“Há algum tempo, tenho ouvido falar de uma campanha de censura governamental no Brasil. A recente decisão de banir o X é a mais nova manobra de Alexandre de Moraes para minar as liberdades básicas”, pontuou o político.

Na ocasião, Rubio ressaltou que a população brasileira estaria enfrentando “sérias repressões” por “simplesmente se envolver em uma plataforma de mídia social”. “Pelo bem das liberdades básicas e do nosso relacionamento bilateral, o Brasil deve retificar essa medida autoritária”, declarou o senador republicano.

Apoio a Jair Bolsonaro

No mesmo mês em que Bolsonaro assumiu a presidência do Brasil, em janeiro de 2019, Rubio publicou um artigo afirmando que a eleição do candidato marcou o início de um “afastamento dramático” dos governos esquerdistas de Lula e Dilma Rousseff (PT). O senador culpou as administrações petistas pelo aumento na inflação, da pobreza, além de dizer que as gestões prejudicaram a estabilidade política do País.

Segundo Rubio, a aproximação entre o Brasil do governo Bolsonaro e os EUA seria crucial para a paz e a estabilidade na América do Sul, já que um parceiro estratégico poderia conter as “intenções malignas de países autoritários” como China, Rússia e Irã na região. Ainda, o senador declarou apoiar a ascensão do País à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Críticas a Lula

Em fevereiro de 2023, o político da Flórida escreveu um artigo criticando a decisão do presidente do Brasil de se aproximar de Pequim, mas também afirmou que a atitude é uma consequência do fracasso do financiamento internacional disponibilizado por Joe Biden. “Quando Lula precisa de grandes quantias de dinheiro e sem perguntas, ele recorrerá à China”, apontou Rubio.

De acordo com o republicano, Pequim tem o costume de manter governos “reféns” com uma diplomacia baseada em “armadilhas de dívidas”. “Biden deve adotar uma linha firme com o novo presidente do Brasil, responsabilizando Lula por sua simpatia pelo Partido Comunista Chinês, bem como por outras ditaduras sangrentas como as de Cuba, Nicarágua e Venezuela.”

Relato de OVNIs de David Grusch

Em uma entrevista à rede de notícias americana “NewsNation”, em junho de 2023, Marco Rubio declarou que existem testemunhas em “altos cargos do governo dos EUA” que confirmam o relato de David Grusch, um oficial da Força Aérea que acusou as autoridades de encobrirem evidências de que OVNIs são extraterrestres.

O oficial afirmou que o governo americano já recuperou corpos de espécies alienígenas.

Apesar de não comentar se as acusações eram críveis, Rubio pontuou que não vê razão para aqueles que estão contando seus relatos mentirem e, durante a busca por mais informações, muitas pessoas se mostraram com “medo de perder o emprego”. O senador alegou que algumas testemunhas da delação de Grusch são figuras públicas.

Ucrânia estará no topo da agenda de Rubio

Rubio, de 53 anos, disse em entrevistas recentes que a Ucrânia precisa buscar um acordo negociado com a Rússia em vez de se concentrar em recuperar todo o território que a Rússia tomou na última década. Ele também foi um dos 15 senadores republicanos a votar contra um pacote de ajuda militar de 95 bilhões de dólares para a Ucrânia, aprovado em abril.

Embora Rubio esteja longe de ser a opção mais isolacionista, sua provável escolha, no entanto, destaca uma ampla mudança nas visões da política externa republicana sob Trump.

Antes o partido dos defensores de intervenção militar e uma política externa poderosa, a maioria dos aliados de Trump agora prega moderação, principalmente na Europa, onde muitos republicanos reclamam que os aliados dos EUA não estão pagando sua parte justa na defesa.

“Não estou do lado da Rússia – mas, infelizmente, a realidade é que a guerra na Ucrânia terminará com um acordo negociado”, disse Rubio à NBC em setembro.

Importância nacional e internacional da escolha de Rubio

Ao escolher Rubio para uma função política importante, Trump pode ajudar a consolidar os ganhos eleitorais entre os latinos e deixar claro que eles têm um lugar nos níveis mais altos de sua administração.

Se confirmado, Rubio provavelmente dará uma importância muito maior à América Latina do que qualquer outro secretário de Estado anterior, disse Mauricio Claver-Carone, aliado de Rubio, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento e ex-assessor do Conselho de Segurança Nacional para a América Latina no primeiro governo Trump.

“Este é o momento em que a América Latina estará mais presente no mapa na história de qualquer Presidência dos EUA. É histórico. Não há outra maneira de dizer isso”, afirmou Claver-Carone.

*Com informações da Reuters