O delegado Osvaldo Nico Gonçalves foi nomeado como coordenador da força-tarefa da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) que irá investigar o assassinato do empresário Antonio Vinicius Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto de Guarulhos (SP), na sexta-feira, 8.

O delegado Nico ocupa o cargo de secretário-executivo na SSP-SP desde 2023 e foi cotado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ser o vice de Ricardo Nunes (MDB) nas eleições municipais de São Paulo. Entretanto, o nome escolhido foi Ricardo Mello Araújo (PL).

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De acordo com a SSP-SP, delegado Nico entrou na carreira policial como investigador em 1979 e trabalhou no Dhpp (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), no Garra e no Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).

Depois de concluir o curso de formação para delegado, o secretário-executivo fundou o primeiro GOE (Grupo de Operações Especiais). Posteriormente, Nico atuou na Delegacia de Polícia de Roubo a Bancos, além de criar o Grupo Anti-Bombas. Em abril de 2022, o homem foi nomeado Delegado Geral de Polícia, o cargo mais alto da Polícia Civil.

Ao longo da atuação como policial civil, Nico esteve envolvido em casos de grande repercussão nacional, como o sequestro de Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, e de Marcelinho Carioca, além de ser responsável pelas prisões de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PL), Roger Abdelmassih, médico condenado por estupro, e Desábato, jogador argentino que proferiu ofensas racistas a Grafite durante uma partida da Copa Libertadores em 2005.

Além do trabalho como policial, Nico é dono da rede de pizzarias Sala Vip, na capital paulista.

A PF (Polícia Federal) também está envolvida nas investigações do assassinato de Vinicius Gritzbach.

Execução em Guarulhos

O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, nesta sexta-feira, 8. Ele é delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Gritzbach fechou acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que equipes do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Atendimento ao Turista (DEATUR) estão no aeroporto de Guarulhos e atuam para esclarecer as circunstâncias do crime.

Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em São Paulo, envolvendo os negócios da facção paulista na região do Tatuapé, bairro da zona leste paulistana.

Acusado pelo PCC de ter dado um desfalque de R$ 100 milhões em bitcoins nas finanças da facção, Gritzbach resolveu apresentar sua versão sobre os negócios do crime organizado no futebol ao assinar um acordo de delação premiada com o Gaeco. Um de seus anexos é o chamado PCC Futebol Clube. A delação foi proposta pela defesa em setembro de 2023. O Gaeco concordou com a delação e o acordo homologado pela Justiça em abril de 2024.

No acordo de delação, Gritzbach entregou documentos sobre quatro empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo no bairro do Tatuapé. A região é onde a cúpula do PCC tem comprado imóveis e levado uma vida de luxo, como mostram reportagens do Estadão. A construtora é alvo de investigação do Ministério Público Estadual sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas do PCC na região do Tatuapé.

Segundo a delação premiada, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto. Os bandidos também teriam lavado dinheiro adquirindo casas na Riviera de São Lourenço, litoral norte do Estado. Além disso, são suspeitos de pagar propinas milionárias a policiais civis.

*Com informações do Estadão