Musk critica juízes que libertaram migrantes forçados na Itália

ROMA, 12 NOV (ANSA) – O bilionário Elon Musk criticou os magistrados do Tribunal de Roma que impediram o governo da premiê da Itália, Giorgia Meloni, de manter migrantes forçados e solicitantes de refúgio em um centro de repatriação construído pelo país na Albânia.   

“Esses juízes devem ir embora”, disse o dono do X em seu perfil na rede social, ao responder à publicação de um usuário com a notícia da segunda decisão do Tribunal de Roma contrária ao acordo entre Itália e Albânia.   

Musk conversou por telefone com Meloni na semana passada, logo após a vitória de seu aliado Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, e mantém relação próxima com o governo italiano.   

Roma construiu centros de triagem e repatriação para migrantes e refugiados na Albânia, com o objetivo de desestimular fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo Central, porém duas decisões da Justiça colocaram essa estratégia em xeque.   

A primeira delas, em outubro, impediu a permanência de 12 bengaleses e egípcios em um centro de repatriação em Gjader porque seus países de origem não poderiam ser considerados “seguros”.   

Já na última segunda-feira (11), o Tribunal de Roma encaminhou o caso de sete migrantes – novamente de Bangladesh e Egito – para a Corte de Justiça da União Europeia e suspendeu a audiência de custódia sobre a transferência do grupo para a Albânia.   

Nos dois episódios, os migrantes forçados tiveram de retornar à Itália em liberdade, provocando a fúria do governo. “Outra sentença política contra os italianos e sua segurança”, disse o vice-premiê e ministro da Infraestrutura e dos Transportes, Matteo Salvini, expoente da linha dura da gestão Meloni na questão migratória.   

Segundo o governo, os centros na Albânia receberão apenas deslocados internacionais do sexo masculino, que não estejam em situação de vulnerabilidade e originários de países “seguros”, mas a Justiça e agências de direitos humanos questionam a inclusão de Bangladesh e Egito nessa definição.   

O primeiro tem relatos de perseguições contra minorias religiosas e étnicas, enquanto o segundo é governado pelo presidente autocrático Abdel Fattah al-Sisi, cujo regime é acusado, entre outras coisas, de torturar e assassinar o pesquisador italiano Giulio Regeni em 2016. (ANSA).