11/11/2024 - 11:00
Aos 58 anos de idade, Helena Ranaldi revelou que já fez de quase tudo pela arte. Atualmente, a atriz está em cartaz com a peça “Por Trás das Flores”, no Teatro Multiplan MorumbiShopping, em São Paulo, até o dia 28 de novembro, mas antes disso teve de botar a mão na massa como produtora de espetáculos de baixo orçamento.
A artista, que despontou na carreira por papéis de destaque em novelas da Globo nos anos 1990 e 2000, falou sobre maternidade, parceria na vida e na arte com o marido, Daniel Alvim, não descartou a possibilidade de voltar à TV, e relembrou perrengues com projetos teatrais nos últimos anos. “Limpava até banheiro”, revelou em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente.
O episódio em que teve de trabalhar em outras funções que envolvem os bastidores do teatro aconteceu durante as filmagens de “Cordel do Amor Sem Fim”, uma peça teatral do texto da dramaturga baiana Cláudia Barral, que virou filme, após Helena e Alvim conseguirem verba do Programa de Ação Cultural de São Paulo (PROAC).
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“Nós fomos contemplados pelo PROAC e era uma verba muito pequena, um orçamento muito baixo e nós conseguimos, através de uma parceria de várias pessoas e acúmulo de funções. Trabalhei junto com o figurino, fiz a continuidade toda do filme, eu era motorista de um dos carros, era atriz, limpava o set e até banheiro eu limpava com uma outra pessoa da produção”, declarou.
“Era extremamente necessário por se tratar de um orçamento muito baixo e nós conseguimos finalizar o filme, que hoje está percorrendo alguns festivais, já recebeu vários prêmios, então é uma grande satisfação depois de tanto trabalho e tanto empenho dentro de dificuldades”, completou ela, que abraça a causa da dramaturgia com afinco para que tudo dê certo, já que os órgãos nacionais não investem no nicho cultural.
“Para você tem uma ideia, menos de 1% do orçamento da União vai para a cultura. Isso é muito sério. A gente que trabalha com isso tem que dar as mãos para fazermos o que podemos dentro das nossas possibilidades”, ressaltou.
Atualmente em cartaz ao lado de Martha Meola, Ranaldi explora no palco, ao lado da colega, a complexa relação entre mãe e filha. “Por Trás das Flores” é ambientada no Norte do Líbano, e a peça acompanha a tentativa da Mãe de convencer a Filha a retornar ao Brasil e viver entre os seus.
A trama ressalta as diferenças culturais entre o Líbano e o Brasil, ao mesmo tempo em que revela o abismo temporal entre o mundo contemporâneo e a época em que a mãe migrou para o Brasil, em meados do século XX. A obra revela a profundidade das subjetividades de duas mulheres tão próximas e, ao mesmo tempo, tão distintas, destacando aspectos psicológicos, sociais e míticos.
“É um encontro entre uma mãe e uma filha, um acerto de contas entre essas duas mulheres, e fala sobre relação humana, fragilidade, amor, dor, afeto e falta de afeto. Eu acho a personagem bem diferentes de mim, porque ela está em uma fase de muita tristeza, depressão e dor. Eu nunca tive depressão na minha vida, então não me identifico com ela nesse lugar. Me identifico talvez por ela também valorizar bastante a questão do afeto e do amor”, refletiu.
Maternidade
No lugar de filha na peça, Helena Ranaldi fez um contraponto com o papel de mãe na vida real. A atriz teve um filho, Pedro Waddington, 27 anos, com o diretor Ricardo Waddington, e relembrou que ser mãe que trabalhava fora na época em que o jovem era criança foi sofrido em alguns aspectos.
“Acho que se eu pequei na forma de educar o meu filho foi por excesso e não por falta. Tive um excesso de cuidado, um excesso de atenção, um excesso de afeto, um excesso de amor. Mas acho também que, no fundo, o ideal é o equilíbrio. O excesso de cuidado acaba prejudicando em algumas áreas”, disse ela, recordando um episódio que a marcou.
“Um dia ele falou: ‘Mãe, eu não gosto que você vá trabalhar’. Eu nunca esqueci disso. Falei para ele que o trabalho era muito importante para mim e que me deixava muito feliz, me tornando uma mãe melhor por estar feliz”, afirmou a artista, que defendeu a importância de as mulheres poderem escolher onde querem estar.
“Agora, as mulheres têm o poder de trabalhar, de receber o próprio dinheiro, de não depender financeiramente nem emocionalmente de um homem, coisa que nas gerações passadas não acontecia. A grande maioria está percebendo que esse é um direito delas”, complementou.
Casamento
Casada com o ator, diretor e roteirista Daniel Alvim desde 2015, a atriz comemorou poder dividir o ofício da arte com o companheiro de vida.
“É muito bom, a gente se dá muito bem trabalhando juntos, então acho que a nossa parceria acaba fortalecendo a nossa relação de casal. Tem casais que realmente não dão certo trabalhando, mas a gente já está na nossa terceira produção juntos e já estamos caminhando para a quarta, então é uma parceria que tem dado certo”, celebrou ela.
Daniel Alvim já se relacionou com outras famosas, como Mel Lisboa, de 42, com quem foi casado entre 2004 e 2008; Paula Burlamaqui, de 57, com quem ficou entre 2008 e 2009; e com a atriz Débora Falabella, de 45, com quem namorou de 2011 a 2012.
Retorno à TV
Ao ser questionada sobre a possibilidade de voltar a trabalhar na TV, Helena Ranaldi não descartou a possibilidade e fez um balanço sobre a sua trajetória na teledramaturgia.
“Eu sempre gostei bastante de fazer televisão, tive muita sorte também de ter tido personagens que me desafiaram e que eu gostava muito de fazer. Tenho saudades desses momentos”, ressaltou ela, ponderando:
“Como eu também já estou fazendo teatro e estou sempre envolvida com outras produções, teria que coincidir de eu receber um convite bacana e não estar trabalhando com nada no teatro. Mas eu tenho vontade, sim”, avisou.
O último papel de Helena Ranaldi em novelas foi na trama “Em Família” (2014), na qual interpretava a pianista Verônica. Além dessa personagem, a atriz se destacou na pele da professora Raquel, que sofria violência doméstica do ex-marido, Marcos (Dan Stulbach), que a agredia com uma raquete em “Mulheres Apaixonadas” (2003). As cenas ficaram marcadas na memória de quem acompanhou a trama na época ou assistiu às reprises.
Helena Ranaldi também trabalhou em “Fina Estampa” (2012), “A Favorita” (2008), “Páginas da Vida” (2006), “Senhora do Destino” (2004), “Coração de Estudante” (2002), “Laços de Família” (2000), “Andando nas Nuvens” (1999), entre outras.