07/11/2024 - 15:42
Com a finalidade de arrecadar recursos para a criação de uma escola de sanfoneiros para crianças carentes do sertão da Bahia e de Pernambuco, o Instituto Sociocultural Arte Mambembe realizou, na última terça-feira (5), um jantar beneficente. O evento, que contou com um recital do poeta pernambucano Antônio Marinho e uma apresentação de músicos nordestinos, foi realizado no restaurante El Tranvia, em São Paulo.
Criada pelo procurador federal e produtor cultural Djalma Félix de Carvalho e pelo advogado Gabriel Ciríaco, a escola será instalada no povoado Juá, localizado na zona rural de Paulo Afonso (BA). Com turmas temporárias de até dois anos, a instituição tem o objetivo de estimular o interesse pela cultura regional, preservando a tradição sanfoneira do sertão e possibilitando às crianças de sete a 16 anos acesso ao conhecimento musical e aos instrumentos. Além disso, a iniciativa atua também como uma forma de inclusão social.
A iniciativa conta com o apoio da EntrePay, da IstoÉ Publicações, da Escola Sorvete, do Projeto Fructus, do Banco do Nordeste e do Consórcio Nordeste.
Promoção da cultura
Madrinha da iniciativa, a atriz Luciana Vendramini contou que sua atração pelo projeto vem tanto de sua ligação afetiva com o universo da música quanto pela vontade de contribuir para a inclusão social das crianças que participam da escola. “A música sempre foi muito presente na minha família. Por essa razão, fiquei muito honrada em ser convidada a ser madrinha deste projeto. Quando conheci o Djalma, comecei a acompanhar a escola e toda essa força-tarefa que ele faz, que é a de fazer com que os empresários que podem fazer doações entendam o quanto isso é importante. E essa iniciativa é muito importante ao possibilitar a formação das novas gerações de músicos”, afirmou. Ela destaca ainda o papel positivo da arte para os alunos. “Sanfona é a coisa mais linda que existe; eu amo Luiz Gonzaga. E a arte traz humanidade – a gente sai um pouco das telas, o que é importante”, complementou.
O ex-jogador de futebol Diego Lugano, que participa como padrinho do projeto, já atua em iniciativas de cunho social em outros países da América do Sul, e afirma estar sempre disposto a contribuir para ações que contribuam para a melhoria da condição das pessoas. “Eu conheço o Brasil, mas não sabia que a cultura dos sanfoneiros do Nordeste era tão forte, e que abrigava tantos talentos. Me chamou a atenção a possibilidade de estimular talentos entre as crianças da região – de forma não muito diferente do futebol. É questão de se dar oportunidades para que esses jovens possam se desenvolver”, ponderou.
Investimento social
Ao oferecer às crianças o acesso ao aprendizado de sanfona, possibilitando a elas um contato mais direto com a cultura local, o projeto também contribui para a sua inclusão social. O CEO do Grupo Entre, Antônio Freixo, salientou a importância da iniciativa do Instituto Sociocultural Arte Mambembe em proporcionar formas de superação de vulnerabilidades sociais por meio do acesso à cultura. “Toda vez que você faz um negócio é importante lembrar dos outros. Não construímos nada sozinhos”, disse. Ele contou ter conhecido a iniciativa por meio do Banco do Nordeste, e logo se sentiu atraído pelo projeto. “É um exemplo para o Brasil inteiro. O Grupo Entre vem investindo bastante em ações que possam agregar valor, cultura, e retirar o jovem de situações de risco. O importante é contribuir de várias formas.”
Também presente ao jantar, o presidente do Banco do Nordeste e ex-governador de Pernambuco entre 2015 e 2022, Paulo Câmara, ressaltou a importância da iniciativa como indutora de mudanças sociais e também da preservação do patrimônio cultural da região. “A cultura nordestina faz parte da cultura do Brasil. Quando a gente vê projetos como esse, percebemos que é possível resgatar o nosso patrimônio cultural, e inserir isso em propostas que possam fazer a diferença nas vidas das pessoas”. Segundo ele, o banco continuará apoiando ações que tenham esses objetivos: “Uma iniciativa como essa, que leva crianças do sertão da Bahia e de Pernambuco para aprender sanfona, e com isso faz com que essa cultura tão tradicional em nossa região possa se perpetuar por novas gerações, faz com que fiquemos muito felizes em participar”.
O jantar contou com a participação do escritor Lira Neto, que atualmente trabalha em uma biografia do músico Luiz Gonzaga, com a apresentação de um trio de músicos do Nordeste e com o recital do poeta Antônio Marinho. Segundo este último, é importante que ações culturais como as promovidas pelo Instituto Sociocultural Arte Mambembe sejam coordenadas com outros campos, como a educação e a promoção dos direitos humanos. “Essa iniciativa é muito importante, por permitir o acesso das crianças da zona rural a sanfonas. É uma alegria estar aqui, mas também é um dever: enquanto houver desigualdade ou alguém que tenha seus direitos desrespeitados, é dever de todos trabalhar para mudar essa situação.”
Outras ações
Criado em 2016, o Instituto Sociocultural Arte Mambembe estabeleceu uma escola gratuita de artes em São José do Egito (PE), na qual crianças carentes têm acesso a aulas de violão, pífanos, canto e capoeira, além de oficinas de cordel, dança e artes plásticas. Além disso, também dispõe do Cine Mambembe, que exibe filmes em comunidades da zona rural, realiza festivais culturais e disponibiliza uma bolsa de estudos por meio da qual os alunos do projeto têm a possibilidade de participar de cursos técnicos e profissionalizantes em instituições particulares.