A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos causou alvoroço em políticos ligados a Jair Bolsonaro (PL), que se diz amigo do republicano e vê o resultado servir de insumo para seu próprio caminho de volta ao Palácio do Planalto, daqui a dois anos.

+Distância entre Lula e Trump não afetará proximidade do Brasil com os EUA, diz ex-chanceler

Em seu perfil no X (antigo Twitter), o ex-presidente afirmou que a volta à Casa Branca permitirá que Trump “complete sua missão” e reacendeu “a chama da liberdade, da soberania e da autêntica democracia”.

Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho“, enfatizou Bolsonaro, que está inelegível, mas afirma reiteradas vezes ser o candidato da direita à Presidência em 2026, em eventual embate contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou um representante de seu grupo político.

Tropa em êxtase

As mensagens são claras e não disfarçam o objetivo de explorar a eleição americana como uma espécie de “prenúncio” do regresso da direita radical ao poder no Brasil. Fiéis ao ex-presidente, parlamentares embarcaram na onda e confiaram no desempenho de Trump para acompanhar a apuração dos EUA.

Filho “03” de Jair, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) viu a apuração na casa do republicano — em Mar-a-Lago, na Florida — e escreveu que o aliado voltou para “onde nunca deveria ter saído”.

Ex-ministro do Turismo e candidato derrotado do bolsonarismo à prefeitura do Recife, Gilson Machado (PL-PE) chegou a arriscar passos de dança, também na Florida, ao som de “Y. M. C. A.”, canção do Village People que embalou comícios do republicano na campanha eleitoral.

Os deputados Bia Kicis (PL-DF), Mayra Pinheiro (PL-CE), Rodrigo Valadares (União-SE) e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) também celebraram os resultados em solo americano, para onde foram a convite do partido Republicano. Na viagem, se encontraram com congressistas americanos eleitos na esteira de Trump, fortalecendo a ideia de uma “integração global” da direita radical.

Em um exemplo inusitado, o deputado estadual Carmelo Neto (PL-CE), cuja atuação parlamentar não esbarra na política internacional, também acompanhou a apuração “in loco”. Presidente estadual do partido de Bolsonaro no Ceará, Neto usava um boné com o lema de Trump e não se furtou a prever, após o resultado: “Em 2026, será a vez do presidente Bolsonaro”.

Governadores de oposição

Menos sonoros pela natureza do cargo, governadores que dividem o campo ideológico com Bolsonaro também capitalizaram com a vitória de Trump.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, classificou o resultado como um triunfo “do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade e da liberdade”. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, destacou a derrota da democrata Kamala Harris como um sinal da “insatisfação com os governos de esquerda”.

Do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) afirmou que a “maior democracia do mundo deu sinal verde” a Trump, enquanto Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, desejou que a eleição americana “inspire, em todo o mundo, o sentimento de patriotismo, liberdade e os valores que fazem uma grande nação”.

Em comum, Tarcísio, Zema e Ratinho são citados como potenciais presidenciáveis da direita em 2026, caso a inelegibilidade de Bolsonaro não seja revertida na Justiça Eleitoral.