06/11/2024 - 20:08
O buraco na camada de ozônio, que aparece anualmente na região da Antártida, diminuiu em 2024, conforme apontam dados da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa). Mas isso não quer dizer que estamos em um bom patamar: o buraco ainda tem tamanho médio mensal equivalente a 20 milhões de quilômetros quadrados, quase três vezes o tamanho dos EUA.
De acordo com as instituições norte-americanas, o buraco que se abriu este ano é consideravelmente menor que em anos anteriores e o sétimo menor desde o início da recuperação, em 1992, quando o Protocolo de Montreal (1987), acordo internacional para eliminar gradualmente os produtos químicos que destroem a camada de ozônio, começou a fazer efeito. Considerando todo o histórico de medições do ozônio na Antártida, desde 1979, foi o 20º menor buraco já aberto.
A maior extensão atingida neste ano foi em 28 de setembro, quando o buraco chegou a 22,4 milhões de quilômetros quadrados. “O buraco antártico de 2024 é menor do que os buracos de ozônio vistos no início dos anos 2000”, disse Paul Newman, líder da equipe de pesquisa de ozônio da Nasa, em uma publicação feita pela Noaa.
“Para 2024, podemos ver que a gravidade do buraco na camada de ozônio está abaixo da média em comparação com outros anos das últimas três décadas, mas a camada de ozônio ainda está longe de estar totalmente curada”, afirmou Stephen Montzka, cientista sénior do Laboratório de Monitorização Global da Noaa.
“A melhoria gradual que temos visto nas últimas duas décadas mostra que os esforços internacionais que reduziram os produtos químicos que destroem a camada de ozônio estão funcionando”, diz Newman. A Noaa atribui a melhoria deste ano, especificamente, ao declínio da liberação de clorofluorcarbonos, produtos químicos que destroem a camada de ozono eliminados pelo Protocolo de Montreal.
São exemplos de produtos que liberam clorofluorcarbonos, segundo a Noaa: refrigeradores, aparelhos de ar condicionado, cosméticos em aerossóis e tintas em spray.
Além disso, os cientistas afirmam que foram surpreendidos recentemente com uma infusão inesperada de ozônio na região onde o buraco se abre. O gás teria sido transportado pelas correntes de ar do norte da Antártida.
Concentração de ozônio aumentou, mas ainda bem abaixo do ideal
“Os pesquisadores contam com uma combinação de sistemas para monitorar a camada de ozônio. Eles incluem instrumentos do satélite Aura da Nasa e dos satélites de órbita polar da Noaa: os satélites Noaa-20 e Noaa-21 e o satélite Suomi National Polar-orbiting Partnership, operado em conjunto pela Noaa e pela Nasa”, informa a Noaa sobre o monitoramento que vem sendo realizado.
Além do monitoramento do buraco via satélite, os cientistas da Noaa também lançam ao espaço balões meteorológicos para observar as concentrações de ozônio na região da Antártida em uma medição chamada Dobson Units (ou unidades Dobson, em português).
A concentração de 2024 atingiu o valor mais baixo, de 109 unidades Dobson, em 5 de outubro. O valor mais baixo já registrado no Polo Sul foi de 92 unidades Dobson, em outubro de 2006.
“Isso está bem abaixo das 225 unidades Dobson típicas da cobertura de ozônio acima da Antártida em 1979”, disse o químico pesquisador da NOAA, Bryan Johnson. “Portanto, ainda há um longo caminho a percorrer antes que o ozônio atmosférico volte aos níveis anteriores ao advento da poluição generalizada por CFC.”
Qual a previsão para que a camada de ozônio se feche completamente?
Considerando os resultados medidos desde o Protocolo de Montreal, a previsão da Nasa e da Noaa para que a camada de ozônio se feche completamente – tanto no polo sul, quanto no polo norte, que são os locais onde os buracos se abrem, já que o frio facilita a transformação química dos elementos que reagem com o ozônio -, é 2066.
A camada, que fica no alto da atmosfera terrestre, atua como um “protetor solar planetário”, ajudando a proteger os seres humanos, os animais e as vegetações da radiação ultravioleta (UV), capaz de provocar doenças como câncer de pele e catarata, além de prejudicar produções agrícolas, danificar plantas aquáticas e adoecer animais em ecossistemas vitais para a Terra.