Donald Trump voltará à presidência dos Estados Unidos após vencer as eleições com um programa anti-imigração, protecionista na área comercial e contrário ao politicamente correto que provoca temores em muitos países.

O candidato republicano soma 276 votos no colégio eleitoral contra 219 da candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris, segundo resultados provisórios divulgados pela imprensa. Ele precisava de 270 para vencer a disputa.

“Fizemos história”, proclamou Trump, 78 anos, aos seus eleitores em West Palm Beach, Flórida, ao lado da família, incluindo a esposa Melania.

“Vamos ajudar o nosso país a se curar. Temos um país que precisa de ajuda, e precisa com urgência. Vamos consertar as nossas fronteiras”, afirmou.

Durante a campanha, o republicano insistiu a seus apoiadores que vai expulsar os migrantes em situação irregular porque, segundo ele, “envenenam o sangue” do país. Ele chama estas pessoas de “terroristas”, “estupradores”, “selvagens” ou “animais” que saíram de “prisões e manicômios”.

Ele prometeu reconquistar as cidades tomadas, segundo ele, por migrantes, e fechar a fronteira com o México para garantir que as pessoas não entrem mais sem visto. O dia da vitória será o da “libertação”, afirmou.

Nesta quarta-feira, Trump afirmou que eles poderão vir, mas apenas legalmente.

Tudo saiu do jeito que ele desejava porque, além de vencer as eleições presidenciais, o Partido Republicano, sob seu controle desde que entrou na vida política, retomou o controle do Senado dos democratas.

Trump já reivindicou a vitória inclusive no voto popular. Se este resultado for confirmado, esta seria a primeira vitória de um republicano no total de votos desde 2004.

– “Tentativas de assassinato” –

Após uma campanha atípica, na qual foi alvo de duas tentativas de assassinato, o empresário fez história. Ele é o primeiro presidente com uma condenação penal e quatro acusações pendentes e o primeiro a conseguir um segundo mandato não consecutivo desde 1893.

Com um estilo direto, sua mensagem tem impacto na classe trabalhadora e no mundo rural, desiludido com as elites de Washington.

Seu retorno à Casa Branca provoca alegria a milhões de apoiadores do republicano, que usam o boné vermelho com seu slogan “Make America Great Again”.

Perto do palco onde Trump pronunciou seu discurso, Ted Saranvis, 68 anos, não conseguiu conter a empolgação e começou a dançar. “Me sinto extraordinário. Esta é a maior história política americana”, disse.

“É um momento incrível, não só para nosso país, mas para o mundo inteiro”.

Mas outras pessoas não concordam com a avaliação.

“Agora estou com medo, estou ansiosa. Nem consigo mexer as pernas”, disse Charlyn Anderson na Universidade Howard de Washington, tradicionalmente frequentada por estudantes negros, onde Kamala Harris se formou e pretendia fazer um discurso – que foi cancelado.

A vice-presidente, de 60 anos, teve apenas três meses para fazer campanha, depois que o presidente Joe Biden desistiu da reeleição em julho.

– Deportações –

Como será a segunda presidência de Trump, a partir de 20 de janeiro de 2025?

O empresário já deu algumas dicas. Ele prometeu resolver a guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio, mas sem explicar como.

Cético a respeito do clima, prometeu sair novamente do Acordo de Paris e perfurar petróleo “em grande escala”.

No setor comercial, ele planeja impor tarifas para “trazer de volta” as empresas ao país.

E parece especialmente preocupado com seu vizinho do sul. “Eu diria que o México é um tremendo desafio para nós, porque a China está construindo fábricas enormes de automóveis” no país e “vão vendê-los nos Estados Unidos”, reclamou durante a campanha.

“Tirar os cartéis de drogas do mercado” foi outra de suas promessas.

Ele é muito mais vago sobre o direito ao aborto, que foi severamente afetado por uma decisão dos juízes da Suprema Corte que ele se orgulha de ter nomeado.

– Musk e Kennedy –

Também preocupam suas ameaças ao que chama de “inimigo interno” e sua sede de vingança.

Muitos países, incluindo seus aliados, estão nervosos com o que pode fazer, mas o republicano já recebeu felicitações, começando por China, França e Israel.

Poucos detalhes foram revelados sobre os futuros membros de seu governo, com duas exceções.

Ele declarou que atribuiria um cargo na administração ao homem mais rico do mundo, Elon Musk, que fez campanha para ele, e outro a Robert F. Kennedy Jr, herdeiro do clã político mais famoso dos Estados Unidos e ativista antivacina, possivelmente na área de saúde.

O homem no comando da maior potência do mundo tem 78 anos e se tornará o presidente mais velho a tomar posse.

Ainda é muito cedo para saber qual efeito que sua vitória terá em seus problemas judiciais. Em tese, ele pode receber penas de prisão em vários casos.

Ao contrário de Trump, que boicotou a cerimônia de posse de Joe Biden, o presidente democrata já se comprometeu a participar do evento em 2025 e, segundo seu porta-voz, com uma “transição pacífica do poder”.