Donald Trump encheu os eleitores latinos de elogios nesta quinta-feira, dia 31, e Kamala Harris alertou que o importante “não é apenas o que diz” seu adversário na disputa pela Presidência americana, e sim o que ele fará.

“Faltam cinco dias para uma das eleições mais transcendentais da nossa vida”, disse a vice-presidente democrata durante um comício em Phoenix, Arizona, no qual se apresentaram os Tigres del Norte, um grupo muito popular entre os mexicanos.

Kamala ressaltou que Trump transmite uma mensagem “cheia de ódio e divisão”. “Insulta os latinos, e não é apenas o que ele diz, é o que fará. Se for eleito, podem ter certeza de que voltará a implementar as políticas de separação familiar, porém em uma escala muito maior do que da última vez.”

A democrata referiu-se à política de “tolerância zero” aplicada por Trump de 2017 a janeiro de 2021, por meio da qual milhares de crianças foram separadas de suas famílias para desencorajar a chegada em massa de imigrantes sem visto pela fronteira com o México.

Em Reno, Nevada, onde participou de outro comício, Kamala reiterou que sua prioridade como presidente será reduzir os preços. Ela participa ainda hoje de um ato em Las Vegas, maior cidade do estado, que contará com a presença da banda mexicana Maná e no qual a diva pop Jennifer Lopez fará um discurso.

Amor pelos hispânicos

Trump também tentou conquistar os eleitores latinos, mas com elogios. “Amo os hispânicos. São muito trabalhadores e empreendedores, e são grandes pessoas. E são carinhosos, às vezes carinhosos demais para dizer a verdade”, disse no Novo México, estado que, segundo as pesquisas, vai votar em Kamala.

Mas o discurso do republicano se centrou, como de costume, em sua retórica anti-imigração. “Os imigrantes ilegais que chegam a este país matam gente todos os dias” e “estão gerando uma onda violenta de assassinatos”, afirmou, sem apresentar provas.

Mais tarde, em um ato em Nevada, Trump convidou a subir ao palco a família do militar Nicholas Douglas Quets, supostamente morto a mando de um cartel no México. O pai de Quets pediu a participação dos Estados Unidos na investigação, a extradição dos assassinos pelo México e uma cooperação mais estreita entre os dois países

“Vamos cuidar disso”, prometeu Trump. O republicano também confirmou que processou a rede CBS por supostamente ter editado uma entrevista de Kamala.

Polêmica

O ex-presidente não comentou a polêmica mais recente de sua campanha, gerada por uma declaração sua de que vai proteger as mulheres, “quer elas gostem ou não”.

Segundo as pesquisas, há um racha eleitoral entre mulheres e homens. Elas apoiam a democrata, enquanto eles se inclinam pelo republicano. Por isso, Kamala, engajada na defesa do direito ao aborto, disse que considerou “muito ofensivas” as declarações de Trump.

O respublicano subiu ontem em um caminhão de lixo e fez um comício com um colete laranja e amarelo fluorescente para protestar contra o presidente Joe Biden por ter chamado seus apoiadores de “lixo”.

Fez isso para tirar vantagem de um deslize, mas Kamala se desvinculou do comentário e Biden disse que se referia à “retórica odiosa” de um humorista pró-Trump que afirmou em um comício que Porto Rico é como “uma ilha flutuante de lixo”.

O comentário sobre Porto Rico foi fatal para os porto-riquenhos, que não podem votar na ilha, e sim nos estados continentais. E segue dando o que falar. O artista Nicky Jam retirou seu apoio a Trump.

Mais de 60 milhões de americanos já votaram antecipadamente nestas eleições, nas quais cada voto conta. Os latinos costumam votar nos democratas, mas, nos últimos anos, os republicanos encurtaram sua vantagem.

À medida que se aproximam as eleições, também aumenta a preocupação com uma possível impugnação dos resultados, até mesmo uma explosão de violência, se Trump for derrotado. O ex-presidente nunca reconheceu sua derrota em 2020 e já começou a falar de “trapaças” na Pensilvânia, um dos estados mais disputados, no nordeste do país.

Trump concederá ainda hoje uma entrevista ao comentarista conservador Tucker Carlson, no Arizona.